Quando jovem, geralmente, ansiamos viver em um novo tempo de avanços e liberdade. Na minha juventude não foi diferente. Queria contribuir de alguma forma para a construção de um mundo melhor e buscava um conhecimento que pudesse responder às inquietudes que possuía em relação às grandes questões da minha existência: de onde eu vim? Para onde vou? Qual a razão de ser da vida?
Como estudante da área da saúde, observava as maravilhas do corpo físico harmonicamente estruturado e fisiologicamente perfeito. No entanto, ao encarar a vida com seus enfrentamentos e lutas cotidianas, sentia que me faltava algo, talvez um mecanismo que funcionasse perfeitamente como a estrutura biológica que eu estudava com tanto afinco.
Talvez faltasse o conhecimento para me direcionar, conhecimento que pudesse favorecer o meu caminhar pelo mundo, promovendo acertos e diluindo dúvidas. Na verdade, constatei, após iniciar meus estudos logosóficos, que a base conceitual, espiritual e moral da vida que eu conhecia carecia de lógica e harmonia, uma harmonia que eu observava no mundo da biologia e da ciência. Os desafios da convivência comigo mesma e com os demais se transformavam em dificuldades por não conseguir perceber as causas.
Uma transformação contínua, gradual, oriunda das minhas reflexões, do meu pensar em equilíbrio com o meu sentir, começou a acontecer. Passei a revisar velhos conceitos que influenciavam minhas ações, decisões ou escolhas, conceitos adquiridos inconscientemente ao longo do tempo. Talvez esse tenha sido um dos maiores benefícios colhidos com a prática dos ensinamentos logosóficos: poder rever, entender e temperar a vida, como uma oportunidade de aperfeiçoamento e evolução.
Se a vida era comumente associada a tempo e espaço definidos, a carreira e a profissão, eu raramente transcendia essa fronteira. As horas vividas se passavam sem que eu me desse conta da totalidade do que fazia ou realizava. Dos dias passados até hoje, venho construindo uma nova realidade, que não é perfeita, mas que me proporcionou a certeza de estar no caminho mais amplo e de conquistas individuais.
Entre tantas imagens que existem na bibliografia logosófica, a da crisálida é uma das que mais me agrada. Transformada em borboleta, a crisálida abandona o seu antigo estado para lançar voos antes inimagináveis. A possibilidade de, por conta do próprio esforço e do próprio planejamento, abandonar a antiga condição, tal qual a crisálida, para alcançar uma nova realidade, instiga-me, estimula-me e faz-me seguir adiante nesse caminho do aperfeiçoamento individual.
Portanto, com esses estudos, pude mergulhar nesse universo particular que chamo “mundo interno”. Na intimidade desse mundo, venho formulando perguntas e reflexões que me conduzem a uma grande viagem, uma viagem ao passado com um olhar no presente, uma viagem de descobertas, de constatações e de formulações que me auxiliam na construção de planos para o futuro.
Penso que a vida é uma etapa da minha existência que deve ser percorrida com a consciência de que se vive para aprender e perpetuar o aprendido. Nesse sentido, sigo me empenhando para dominar os recursos que fazem esse caminho possível, aplicar o método logosófico e extrair os aspectos essenciais do conhecimento que a Logosofia me apresenta para a conduta e a prática da vida consciente.