“A amizade nasce do afeto que a simpatia cria, pois esta, como dissemos, é o gerador do afeto. Da amizade nasce a confiança mútua, e é esta a que cimenta e dá vida aos grandes vínculos a que nos referimos”. Do livro Coletânea da Revista Logosofia Tomo 2 página 149

Ao ler estas sábias palavras do autor da Logosofia, Carlos Bernardo González Pecotche, senti uma profunda emoção! Emoção que me fez sentir uma necessidade muito grande de homenagear todas minhas queridas amigas.

Envolta nesse sentimento, comecei a recordar todas as amizades queridas conquistadas desde a infância até hoje. Todas elas deixaram um fragmento de amor e felicidade na minha vida, e toda vez que as recordo surgem passagens na minha memória dos momentos felizes passados com elas, em cenas vividas com tanto entusiasmo e alegria.

Minha primeira amiga, mais ou menos aos cinco anos de idade, foi minha vizinha na pequena cidade onde vivi minha infância. Que alegria me traz a recordação dos momentos que vivemos juntas! As brincadeiras, as brigas infantis, a convivência com sua adorável família, tão unida nas alegrias e nas dores! Lembrei-me das brincadeiras realizadas na fogueira de São João, em frente à sua casa, com nossas famílias reunidas, e do episódio da irmã menor, quando quebrou a perna e precisou ficar meses de cama. Íamos todos os dias brincar com ela para distraí-la. Lindas recordações que aquecem meu coração cheio de saudades!

Outras amigas surgiram ao me mudar de cidade, amigas de escola e amigas de vizinhança. Todas elas me ofertaram fragmentos de felicidade e afeto. Nossas brincadeiras, dentro do taquaral imenso situado na casa das minhas tias, eram cheias de imaginação… Nessas horas éramos profundas conhecedoras da arte de cozinhar ou de realizar grandes desfiles de moda.

Também recordei das amigas da juventude, companheiras do secundário e da Universidade. Amigas de sonhos que foram se realizando aos poucos. O primeiro namorado, os bailes, os cinemas, o preparo para a docência como futuras professoras, os passeios no centro da cidade, os chás e as conversas sem fim… Saudade que aquece o coração! Todas elas foram importantes na minha vida, todas elas acrescentaram fragmentos de felicidade em meu crescimento como ser humano.

Com o casamento, mais uma mudança na minha vida. Já adulta, mãe de família, vejo-me diante de uma grande metrópole. Como viver em uma cidade tão grande? Como conhecer tudo o que preciso para desenvolver minha vida naturalmente? Onde buscar conhecimentos que possam me ajudar nesta desafiadora tarefa de viver numa cidade desconhecida, imensa, com uma filhinha de um ano e meio e o esposo preocupado em atender os negócios?

E eis que a vida me presenteia novamente com um conjunto de amigas que nem a maior imaginação consegue descrever, e nem a distância consegue apagar. Amigas verdadeiras, daquelas que ajudam por ajudar, sem esperar nada em troca. As trocas, na verdade, foram de muitos favores, muitas conversas e de muito socorro nas horas difíceis. Queridas amigas que, mesmo agora, depois de uma nova mudança, estando a quilômetros de distância, apresentam-se firmes e decididas em estar presentes, quer através de mensagens, quer pessoalmente, quando possível. Amigas que nascem do afeto, da confiança mútua, sendo esta amizade que cimenta e dá vida a grandes vínculos.

E o que dizer das amizades criadas dentro da Fundação Logosófica, já no amadurecer da idade, com filhas saindo da adolescência, procurando criar seus próprios caminhos? Ah! Amigos de evolução consciente! Amigos forjados na busca mútua por um profundo ideal de superação, de conhecer-se a si mesmo. Amizades que dão sentido e complementam uma parte de minha vida que, até então, eu desconhecia: a vida transcendente, espiritual! Um verdadeiro presente que a vida me reservou na maturidade!

São vínculos que formei através de um anelo mútuo de conhecer o verdadeiro sentido da vida, através de uma ciência ainda pouco conhecida: a Logosofia. Com estas amigas e amigos eu consigo caminhar por um mundo até então desconhecido. Mundo este que me ensina e estimula constantemente a buscar o caminho da Sabedoria, procurando compreender a Criação, onde mora permanentemente o Pensamento Criador, mundo em que não preciso morrer para viver, mas sim viver o agora, desfrutando já de todas suas maravilhas. Compreender que eu faço parte desta Criação, assim como meus semelhantes, que posso aprender com eles o que não consigo aprender sozinha, que posso também ensinar como resultado da minha dedicação aos estudos e na prática dos ensinamentos.

Foi neste mundo que observei coisas inimagináveis para mim e compreendi que os conhecimentos transcendentes estão disponíveis para todos que queiram conhecê-los. Procurar conhecer o Plano Divino e encontrar meu papel nele, tornou-se minha missão.

Saber que podemos criar uma cultura em que a paz, a felicidade, o amor e a colaboração entre todos não é uma utopia, mas uma realidade possível, bastando que todos se predisponham a vivê-la, é de um valor incalculável.

Quantas horas felizes vivendo neste ambiente de afeto, de felicidade, de colaboração, estudando, ouvindo e praticando ensinamentos da mais alta hierarquia. Ambiente onde se ajudam uns aos outros com dedicação, amor e constância; onde se pode expressar o verdadeiro sentir, onde homens e mulheres buscam na compreensão das altas verdades o verdadeiro sentir, onde a emoção é valorizada e as lágrimas de alegria, de emoção, de puro sentimento de crianças, jovens, homens e mulheres são compreendidas e sentidas como se fossem as suas; onde o amor e a verdade permeiam todas as manifestações inteligentes.

Como não sentir emoção ao recordar tantas porções de bem, vividas durante a existência? Como não ser grata a Deus pela oportunidade de viver momentos tão inefáveis, regados por tão nobres sentimentos?

Se algo existe na natureza humana que demonstre de forma mais palpável a previsão do Criador Supremo ao lhe infundir seu hálito de vida é, sem dúvida alguma, a propensão de todo ser racional a estender seu afeto ao semelhante, já que nisto, poderíamos dizer, se apoia a manutenção ou perpetuação da espécie humana. A força que a amizade infunde reciprocamente nos seres sustenta a vida através de todas as adversidades e a perpetua, apesar dos cataclismos que o mundo já teve que suportarDo livro Coletânea da Revista Logosofia Tomo 2 pg. 1

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo II

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