Não é novidade, para quem me conhece, minha paixão por viagens, principalmente em direção ao mar. Descobri isso ainda criança, quando fui pela primeira vez com meus pais e irmãos para Cabo Frio. Eu tinha apenas cinco anos, mas até hoje me recordo com detalhes de muitos momentos vividos, das brincadeiras na praia com meus irmãos, dos passeios nas dunas e até mesmo do cheiro da comida que era servida em uma casa de pescador onde almoçávamos todos os dias na beira da praia.
Daí para a frente, férias passou a ser para mim sinônimo de viagem! E continuou sendo até que, em 2020, já com minha viagem programada, eis que surge a pandemia para atrapalhar meus planos.
O que fazer, senão adaptar-me a essa circunstância e adiar para outra época ou até para o ano que vem meu encontro com o mar?
Dias atrás recebi, como estudante de Logosofia, a tarefa de avaliar se hoje me encontro mais próxima do ser que eu quero ser ou de quem eu era anteriormente.
Uma viagem de volta ao passado
Como cumprir com essa tarefa a não ser viajando de volta ao meu passado? Pensei: Preciso fazer um roteiro. Em que parte de meu passado quero chegar? Que transporte vou usar? Que bagagem vou levar?
Decidi, então, que gostaria de viajar até o ser que eu era. O transporte seria minha mente utilizando como motorista a recordação, a bagagem seria tudo que aprendi nesses anos como estudante de Logosofia e um caderno de anotações de muitas passagens vividas de lá para cá.
Essa viagem durou quase uma semana. Encontrei comigo mesma em muitos momentos e em muitas paradas. Em algumas, eu me alegrei muito, em outras, me vi com certo desânimo, cabisbaixa.
Mas ao chegar ao ponto que havia estabelecido − o ser que eu era pouco antes de tomar contato com os estudos logosóficos −, senti forte emoção e uma vontade imensa de pegar no colo aquele ser tão frágil, atormentado por dúvidas a respeito da vida e perdido em busca de respostas que não encontrava.
Usando a imaginação, escolhi um cantinho à beira mar em uma praia deserta. Um dia lindo e ensolarado, as ondas do mar indo e voltando como uma suave música a me embalar.
Comecei, então, a contar para aquela jovem tristonha e confusa quem ela havia se tornado. Falei das descobertas que havia feito sobre nós, do que nos levara a ter tantas dúvidas e a nos sentir tão frágeis e perdidas.
Mudanças promovidas por novos conceitos
Contei-lhe dos novos conceitos que havia adquirido e das mudanças que havia promovido em mim em razão desses conceitos.
Falei do quanto me sentia mais leve ao me libertar de tantos pensamentos angustiantes e pessimistas que carregara durante tantos anos.
Contei-lhe como vinha forjando um novo destino e que nesse novo caminhar eu descobrira algo que era fundamental e que muito tinha contribuído para superar minhas velhas angústias.
Aprendi, disse-lhe, que dentro de mim havia um mundo interno que eu precisava explorar para encontrar todas as respostas que buscara em vão. Por já ter encontrado algumas, eu já me sentia muito mais feliz e leve.
Finalmente, eu lhe agradeci por, inconscientemente, em sua amargura, ter me impulsionado a buscar algo que preenchesse aquele vazio interior e que tinha voltado até ela porque precisava lhe contar para que pudesse se sentir feliz com nossas conquistas, que nada tinha sido em vão.
Um caminho para a vida
Ao final desse encontro, nós nos abraçamos longamente e prometemos nos encontrar mais vezes, pois teríamos muito o que conversar. Disse-lhe que o destino que eu escolhera forjar era longo e ainda havia muito por aprender e que, na verdade, eu precisaria dela muitas vezes para que me trouxesse à lembrança as passagens vividas que se perderam ao longo do tempo.
Foi então que ela perguntou: Que caminho é esse? Não posso ir junto com você?
Eu respondi: O caminho da evolução consciente! Claro que pode vir! Na volta, eu lhe explicarei tudo o que aprendi e quem tem me ensinado os mistérios desse caminho. Não tem como percorrê-lo sozinha! Não podemos mais perder tempo. Temos um longo trecho à frente…