Ao longo de minha vida tenho feito uma observação recorrente: muitas pessoas estão sempre condicionando a felicidade à conquista de determinados objetivos. Essa busca frenética começa desde que se é jovem: quando eu passar no vestibular, serei feliz; quando eu concluir o curso, aí, sim, serei feliz; somente quando conseguir o sonhado emprego, serei mesmo feliz; quando eu me casar; quando comprar meu carro; quando trocar de carro; quando adquirir meu imóvel, quando, quando, quando…
Os anos passam e a sonhada felicidade nunca se concretiza, porque — tão logo se conquista ou se alcança o objetivo pretendido – surge um novo pretexto para continuar a corrida em busca da felicidade. Colocar a felicidade fora de nós mesmos, e condicionada exclusivamente a conquistas materiais ou a objetivos ocasionais, é um equívoco que pode custar caro ao final de toda uma vida vivida em busca da tal felicidade.
Enquanto escrevo estas linhas, ouço uma suave melodia de um violoncelo e de um violão, generosamente tocada por um casal de vizinhos que, sempre aos domingos, alegra os moradores, interpretando lindas músicas na quadra do condomínio, o que suavizou o isolamento social a que muitos estavam submetidos. Não seria este, então, um momento que agrega um fragmento de felicidade a quem dele desfruta? Não seria uma pequena porção de felicidade?
Ao longo da vida, podemos experimentar inúmeros momentos que representam fragmentos de felicidade. Se formos capazes de uni-los, podem se constituir em motivos para nos sentirmos felizes. Isto significa que a felicidade é alcançada ao longo do caminho e não no final de uma busca. Este é o segredo: unir os tempos felizes para experimentarmos uma felicidade duradoura, muitas vezes em meio a lutas e desafios.
Não é por acaso que a Logosofia afirma que:
A felicidade é algo que a vida nos concede por pequenas porções de bem
E acrescenta:
A felicidade ou se compartilha ou se perde
Com os fragmentos de episódios felizes vividos durante o dia, vamos tecendo a felicidade em nosso cotidiano. Ah, que venha então, essa tal felicidade!