Quando criança, meu pai sempre me dizia para buscar o bem, o caminho do que é bom e justo. Essa fala paterna sempre me fez refletir e acolhê-la com gratidão em meu interno, mesmo que minha imaturidade me impedisse de compreendê-la com a profundidade necessária — algo que só consegui fazer mais tarde.
Ao chegar à juventude, continuei buscando esse bem, pois aquelas palavras ecoavam constantemente dentro de mim: busque o bem.
Certa vez, em um aniversário, uma amiga me presenteou com um cartão. Nele havia um ensinamento da Logosofia que dizia que a vida deveria ser enaltecida e cuidada. Entendi pouco do ensinamento, mas minha sensibilidade captou seu conteúdo de forma tão eloquente que foi difícil conter a emoção. Ali estava um fragmento do bem que eu tanto buscava.
Para a Logosofia, a sensibilidade faz parte do sistema sensível e exerce várias funções, entre elas a de atuar no ser humano como um radar. Para compreender melhor essa função, foi necessário entender que um radar funciona emitindo e captando ondas vibratórias, o que possibilita a comunicação por meio de sinais.
Com a sensibilidade não é diferente: ela atua de modo semelhante, captando sinais quase imperceptíveis aos olhos físicos, mas perceptíveis ao coração. Suas manifestações, sutis porém poderosas, tornam possível a conexão com o bem, o belo e o justo. Essa capacidade nos permite perceber verdades tanto em nosso mundo interno quanto no que nos rodeia, mesmo quando não se revelam de forma explícita.
Ao comparar a sensibilidade a um radar, a ciência logosófica evidencia o papel essencial do sistema sensível na vida humana e a importância que a sensibilidade assume, como parte dele, ao detectar aquilo que está “no ar” antes mesmo de se manifestar concretamente. Muitas vezes percebemos que algo não está bem ou, ao contrário, que uma situação é favorável, ainda que sem provas imediatas. É como se captássemos informações sutis, ajudando-nos a antecipar um movimento do nosso pensar ou sentir.
Entretanto, todo radar precisa ser calibrado. No caso da sensibilidade, ela deve ser rodeada de confiança. É necessário estar consciente de suas manifestações e ajustá-las aos grandes princípios que regem a vida interna.
Por fim, compreender a sensibilidade como um radar é reconhecer que o ser humano possui uma estrutura psicoespiritual que lhe permite conhecer-se a si mesmo e conduzir seu processo de evolução consciente. Aprender a articulá-la e utilizá-la com conhecimento nos prepara para viver de forma lúcida e consciente.