Treze anos na escola, três no curso preparatório, café quatro vezes por dia, metrô lotado na ida, o mesmo metrô lotado na volta, dois pais carinhosos em casa e, finalmente, uma aprovação.
Uma cidade nova, duas colegas de apartamento, três anos de faculdade, muitos amigos novos, metade de uma profissão conquistada e aí…e aí?
A continuação que eu imaginei foi: me formar, começar a trabalhar, talvez formar uma família, talvez viajar pelo mundo, talvez os dois. Outros podem querer comprar um carro, pular de paraquedas, aprender a cozinhar, abrir um negócio próprio. Todas são opções válidas.
Traçamos um plano, buscamos recursos e partimos em direção a esse objetivo, de uma maneira mais ou menos organizada, e que se encaixe no nosso modelo de vida. Mas que tipo de vida eu quero ter?
“Obviamente, uma que reflita quem eu sou em essência, minha geração não quer conquistar as mesmas coisas que na época dos meus pais”. Simples, então, para definir o tipo de vida que quero ter, preciso apenas saber quem eu sou.
Nesse momento o “e aí?” nunca pareceu tão sem solução. E antes que você pense: “que falta de noção, como pode não saber quem se é?”, eu te convido a se perguntar o mesmo, mas não vale profissão, onde mora, de quem é filho ou amigo, hobbies; não, não é isso. Nada relacionado ao que é externo ou físico.
Quem é você? Qual seu objetivo na vida como ser humano? Quais são seus defeitos e virtudes, o que você já aprendeu com eles e o que fez com esses aprendizados, quais conceitos você tem formado, como sabe que são frutos da sua mente e não de outros, como você os formou e com que objetivo? Fácil, não é?
Posso estar enganada, mas poderia apostar que você faz parte do mesmo time que eu estava: o time dos perdidos. Isso me fez perceber que, por mais que continuasse projetando alcançar todas essas conquistas materiais — que seriam ótimas, sem dúvidas — eu precisava entender o que tinha que conquistar comigo mesma. Era como se eu tivesse colocado um destino no GPS e no meio do caminho percebesse que não era lá que eu precisava chegar.
À primeira vista pode parecer meio desalentador, mas foi essa sensação de entender que eu tinha que mudar minha rota que me fez analisar onde eu estava naquele momento, vislumbrar, ao longe, onde eu queria chegar e buscar uma maneira de construir o caminho até esse destino dentro de mim.
Essa nova vida que comecei a conhecer, muito longe de limitar a antiga, a ampliou, trouxe novas cores e ferramentas que me possibilitam aproveitar e aprimorar momentos que antes passavam distantes da minha consciência.
Tenho aprendido com o método logosófico que, como ser humano, estou dotada de grandes potenciais, os quais podem se tornar realidades concretas na minha vida se eu procurar desenvolvê-los; que tenho uma mente repleta de pensamentos que, às vezes, atuam alheios à minha vontade e que depende de mim colocá-los sob meu comando; que a sensibilidade é uma grande força da natureza humana e pode ser cultivada por meio da recordação e do sentimento de gratidão.
Todos esses conhecimentos à medida que expandem minhas compreensões, também fazem o mesmo com minha vida interna, seus alcances e propósitos.
Posso viver as mesmas experiências do dia a dia, no trabalho, entre amigos, nas horas de lazer, mas com outro olhar: ao enxergar o que se passa ao meu redor, tenho a possibilidade de trazer essa mira para dentro do meu ser e aplicar os elementos logosóficos para construir um conhecimento singular sobre a minha própria existência.
Desta maneira, observo que cada novo dia tem se transformado em uma oportunidade a mais de saber o que se passa em minha mente e coração e esculpir, conscientemente, esse ser que quero me tornar.