Muitas pessoas não gostam de recordar o passado. Meu querido tio Pedrinho, por exemplo.
Recordo quando, aos meus sete anos, ouvi meu tio dizer: “Se pudesse voltar no tempo, passaria uma borracha e apagaria tudo o que vivi”.
Com que emoção essas palavras ecoaram em mim! Palavras que continuam ecoando por toda a minha vida! Não queria viver esse “desafogo” do meu tio. Não queria me arrepender do vivido!
De tanto em tanto, essas palavras se pronunciavam em meu ser, lembrando-me de que a vida era para ser vivida com sabedoria, com amplitude, e que de nada valeria percorrê-la a cada dia, “apagando-a” da recordação.
Aos 22 anos de idade, encontrei a Logosofia. Com que emoção me defrontei com um de seus grandes objetivos: a vida consciente, vivida com lucidez, unindo um dia ao outro, no empenho constante em ser melhor, em me superar, em conquistar valores e virtudes que me pareciam inalcançáveis até então!
Após percorrer um bom trecho da minha vida, chegando próxima à marca dos meus 70 anos, com que vibração revivo cada trecho percorrido até aqui! Constato que, ao buscar a vida consciente, vou acumulando um magnífico tesouro em meu próprio ser. Os fatos dos anos anteriores ganham destaque cada vez que volto a eles e busco revivê-los. Cada momento consciente, ao ser vivido, amplia seu significado e, mediante sua revivência, abarco novos conhecimentos que incorporo ao meu viver do presente!
Nesse espetacular exercício do recordar, reporto-me com gratidão ao meu querido tio e àquela impressão que me acompanhou durante os anos seguintes.
Sinto-me imensamente grata ao autor da Logosofia, Carlos Bernardo González Pecotche, que vem me mostrando, em sua ampla bibliografia, que o ser humano nasceu para ser feliz e que a união dos tempos — entre passado, presente e futuro — é a forma como a vida conquista continuidade e nos situa no permanente, no eterno!
Recordar? É de fato experimentar a alegria de reviver!!