Desde sua concepção o ser já luta pela própria vida, pela sua sobrevivência física. Sempre ouvimos histórias sobre as guerras, suas estratégias e quem as venceu ou perdeu, mas pouco – ou quase nada – ouvimos sobre as batalhas que travamos dentro de nós mesmos, sobre como podemos enfrentá-las e sair vencedores. Talvez porque essas disputas sejam silenciosas e ocorram em foro íntimo.
Recordo-me de que, ainda no 1º grau, ficava muito nervosa e envergonhada quando a professora me chamava ao quadro para resolver alguma questão. Não era o medo de errar o exercício, pois era estudiosa, mas o temor de me expor ao olhar de todos da sala. Hoje entendo que a inibição que experimentava, tanto na fala quanto nas ações, e o pouco valor que atribuía às minhas ideias e qualidades me trouxeram várias limitações sociais e profissionais, além de uma persistente insegurança.
Ao chegarmos à Logosofia um dos primeiros estudos que realizamos é sobre os pensamentos. Aprendemos que eles são entidades psicológicas autônomas, isto é, surgem em nossa mente, queiramos ou não.
Ao voltar-me para o meu mundo interno, logo identifiquei o pensamento de timidez. E agora? Como combatê-lo? Compreendi, então, que essa seria uma das minhas grandes lutas.
Ninguém deve ir para uma luta desarmado e sem nenhum conhecimento do inimigo. A Logosofia me orientou a criar defesas mentais, formar meu próprio exército, ser valente frente às circunstâncias adversas e a manter uma atenção constante às atuações e disfarces do inimigo.
Formei meu exército com as faculdades de observar e pensar, com a sensibilidade que me alertava a cada equívoco, com pensamentos de entusiasmo, otimismo e coragem, com a resolução e, sobretudo, com a vontade de me tornar um ser melhor.
Hoje consigo ganhar mais batalhas do que perder, mas a luta ainda é muito grande. Não adianta me esconder atrás do desânimo e da desesperança. As mudanças não acontecem de uma hora para outra; é preciso muita paciência para superar uma deficiência ou velhos hábitos.
A luta é lei da vida, e precisamos ter plena consciência de sua inevitabilidade, não apenas em nossa vida, mas em toda a humanidade. Ela tem uma função transcendente na existência de cada ser, pois é por meio dela – ou através dela – que a vida cumpre seus objetivos de evoluir e moldar um novo destino.
