Não há como negar que os anos 2020 e 2021 foram totalmente atípicos. Tivemos de nos adaptar rapidamente a uma nova realidade (imposta?) e o custo pago tem sido muito alto, com consequências difíceis de serem mensuradas.
Queiramos ou não, a mudança fez com que nos recolhêssemos dentro de nós mesmos. Surgiram, de forma intensa, muitas questões, perguntas e dúvidas quanto ao rumo de nossas vidas. Talvez como há muito tempo não ocorressem. Muitos valores foram e estão sendo questionados. Fica a pergunta: será que, passada a tempestade, iremos aprender a lição?
Algo que tenho aprendido é que qualquer vivência, tendo resultados positivos ou negativos, se a lição for aprendida, se for vivida de forma consciente, é uma vivência positiva. Caso contrário, terei perdido tempo e uma grande oportunidade.
Mas, em que escola posso aprender a viver de forma consciente e mudar minha realidade? Esta é a boa nova: existe, sim, uma escola que nos ensina que a vida é uma etapa da existência.
A Escola Logosófica tem ensinado-me a importância de aprender, de forma ampla e profunda, em todos os campos onde atuo. Tomar contato com conceitos que ampliam e dão sentido à vida, com certeza, faz muita diferença.
A Logosofia ensina ao homem a mais difícil de todas as artes: a de criar a si mesmo. E ensina fazendo experimentar no próprio ser – não fora dele – a verdade contida nos conhecimentos que oferece.
O pequeno trecho acima, do grande livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, mostra uma nova realidade: posso viver eternamente, não fisicamente, mas de outra forma. Para tal, há algumas exigências, às quais devo estar disposto e aberto a um novo aprendizado e, ao mesmo tempo, a adaptar-me a esta nova forma de viver.
Qual é esta nova forma de viver? Se, aparentemente, vivo uma vida normal, assim como todos os demais seres, o que estou fazendo de errado ou deixando de fazer? Talvez não seja questão de certo ou errado, e sim a de desconhecer uma realidade que não me foi ensinada.
Em mim, ocorreu exatamente essa indagação quando li, na escola em que meus filhos estudavam, a seguinte frase, também da sabedoria logosófica: “Quem quiser chegar a ser aquilo que não é, deverá deixar de ser aquilo que é”.
Essa frase me chamava muito a atenção, por ser revestida de uma lógica incontestável. Seus dizeres martelavam em meu mundo interno e faziam-me questionar: onde mesmo quero chegar? O que devo deixar de ser? Inquietudes adormecidas em meu mundo interno, desde o início da adolescência, se intensificavam cada vez mais: “a vida não se pode resumir a esta luta diária, árdua, e quase sem sentido, que a maioria – na qual me incluía – está vivendo.”
Fui realizando algumas mudanças e pude, aos poucos, iniciar nova e longa caminhada, não para fora, mas para dentro de mim mesmo.
Comecei a descobrir onde eu queria estar e onde queria chegar. Após uma longa jornada, hoje vejo que para “viver a nova vida que a Logosofia me ensina a viver” torna-se fundamental adaptar-me a esta nova realidade. São vários aspectos, tais como:
— mudar a referência do tempo das 24 horas, dos anos, para outra mais abrangente, que me leva a compreender que a vida não se resume a uma etapa, e sim a um conceito muito mais amplo, que é o da existência;
— sou um ser físico completo, uma máquina onde tudo está desenvolvido e funcionando de forma harmônica. Mas, do ponto de vista espiritual, e até psicológico, sou um ser inacabado, que se precisa completar e adaptar para viver
em um mundo de concepções elevadas, onde convivem os grandes pensamentos criadores e as ideias superiores;
— compreender que, para completar o meu projeto de ser humano, que não é o físico, devo aproveitar a grande prerrogativa da vida: conhecer a mim mesmo e aprender sobre meu mundo individual; e
— conectar-me ao ser que precisa ser completado, que existe em todos e não é uma utopia: o próprio espírito!
Fica assim um aprendizado: se faço projetos, traço metas, crio oportunidades, esforço-me para conquistar uma vida material mais confortável, mais tranquila, por que não fazer o mesmo com aquilo que realmente tem um valor superior?
Efetivamente, todo o criado é perfeito, assim como é perfeito o arquétipo do ser humano em seus dois aspectos: físico e psicológico. Mas, por uma exceção inquestionavelmente justa, dada a faculdade suprema que encerra e que responde à vontade inexorável de Quem o criou, quis Deus que cada ser humano conhecesse por si mesmo qual é sua perfeição.