Em meados de 2021 tornei-me mãe. Durante a espera pela chegada da minha filha, planejei tudo que pude, já que sempre gostei de ter controle e conhecimento sobre todas as coisas que estavam relacionadas diretamente a mim.
Porém, já nos primeiros dias vivenciando a maternidade, percebi que, além de um grande novo amor, minha filha já trazia para mim muitas possibilidades de mudança em minha psicologia. Manter o controle de tudo e querer a todo custo seguir o planejamento feito seria perda de tempo e energia. O mais inteligente seria adotar a flexibilidade e a adaptação como normas de conduta. Em síntese, eu precisava aprender muitas coisas, e, principalmente, a pensar.
Logo me dei conta de que não havia, por exemplo, uma receita pronta, ensinando como colocar nenéns para dormir; eu precisaria observar, pensar e experimentar diferentes técnicas para ver qual iria funcionar dentro do meu lar.
Essa foi uma das primeiras experiências que me fez sair de minha zona de conforto. E é claro que houve muitas outras depois desta.
Ao retornar para o trabalho, ouvi diversas vezes a pergunta: “E aí, o coração tá muito apertado?” Minha resposta automática era concordar, mas algo dentro de mim discordava. Eu havia preparado-me bastante para esse retorno; também havia preparado minha filha, e estava bem convicta do que queria. Porém, eu achava que negar o aperto no coração seria uma ousadia, iria parecer que eu não amava minha filha. Além do mais, o que os demais iriam pensar de mim? Aos poucos, aquela resposta automática começou a incomodar-me. Precisaria ser honesta comigo mesma e responder a verdade, ou seja, precisaria sair da minha zona de conforto, e mais uma vez seria necessário pensar antes de responder.
Depois de algumas vacilações, consegui dizer que, na verdade, meu coração não estava apertado, pois eu estava aproveitando o tempo que tinha com minha filha no contraturno do meu emprego, já que meu trabalho me deixava muito feliz e poder equilibrar a maternidade e a profissão era para mim motivo de muita alegria.
E aí eu me pergunto: que mulher eu quero ser?
Que mãe eu quero ser?
Que pessoa eu quero ser?
Aquela que se preocupa com o que os outros vão pensar?
Ou quero ser uma pessoa que se preocupa com o que a própria consciência julga ser correto?
Eu já tenho a resposta: quero ser uma mulher que ocupa o tempo aprendendo a conduzir sua vida conscientemente, e com isso usufruo de todos os benefícios que esse pensar gera — como ter mais liberdade, saber adaptar-me, ser flexível, ser leal comigo mesma e muito, muito mais.