Quem já não viu, nas antigas escolas ou mesmo em museus de ciência, coleções de insetos e outros pequenos animais, expostos — já sem vida, em vitrines —, catalogados e delicadamente fixados por alfinetes? Nesses tipos de coleções, as borboletas chamam especial atenção pelo seu colorido, sua beleza, ou por sua raridade nos campos.
Quem já colecionou algo? Pequenos objetos de interesse, pequenas lembranças…?
Há seres, porém, que colecionam conhecimentos! Gostam de estudar, são curiosos, e isso é verdadeiramente muito bom. No entanto, há uma certa espécie de conhecimentos que não aceitam serem meramente colecionados, pois para serem guardados têm de ser aplicados à própria vida. Do contrário, esvanecem-se, perecem, vão-se.
Nossa cultura valoriza enormemente a retenção pura de conteúdos, informações, dados, e são consideradas cultas e sábias as pessoas que são capazes de discorrer temas variados ou teorias diversas. Em tempos de Google, fácil é o caminho para quem quiser pesquisar e citar quase instantaneamente as curiosidades mais estapafúrdias e deixar boquiaberto qualquer interlocutor. A memória é uma das faculdades da inteligência mais valorizadas, quase como a conceituar a própria inteligência, como se não houvesse outras faculdades compondo e enriquecendo o conjunto da mente.
No meu afã de querer aprender cada dia um pouquinho mais, tem-me saltado aos olhos uma diferenciação que a Logosofia nos traz e que difere muito de tudo quanto havia aprendido anteriormente. Os verdadeiros conhecimentos não devem ser colecionados, dissecados friamente e espetados sem vida em um expositor, como as borboletas numa vitrine.
De que me serviria pura e simplesmente “colecionar” conhecimentos?
De que me valeria repetir automaticamente o que foi por outros registrado, e muitas das vezes sem fazer vinculação alguma com minha própria vida?
Essa situação não proporcionaria um campo fértil para determinadas deficiências minhas se alastrarem? Talvez a vaidade, entre outras?
Os conhecimentos logosóficos são tipos de conhecimento que não se devem prestar a serem colecionados friamente. Há de aplicá-los à própria vida.
Mas como?
Quando adolescente, eu colecionei selos e papéis de carta. Considerava isso um bom passatempo e gostava de juntar, cuidar e organizar tais objetos. O tempo foi passando, e meu interesse foi passando também, tendo eu deixado, depois de certo tempo, o hobby de lado. Os interesses realmente vão mudando conforme vamos também mudando internamente.
O que retemos realmente em nossas vidas, então?
Quando aproveitamos o tempo para aprender a superar algo em nós, esse aprendizado nos faz vibrar e sentir vivos. É possível transpor então momentos de mero deleite para sentirmos que estamos vivendo a vida com mais intensidade e proveito.
