Dizem que Isaac Newton teria descoberto a lei da gravidade ao observar uma maçã cair da árvore.
Por mais romanceada que seja essa versão, ela me faz refletir sobre como aquilo que vemos e experimentamos pode ser transformado pelas perguntas e pelo conhecimento prévio que cada um tem dentro de si. São esses fatores que moldam o que extraímos das situações que vivemos.
Ou seja: de certa forma, o que procuramos faz com que encontremos coisas que os outros não veem.
Ao procurar conhecer mais sobre mim mesma – os mecanismos que me fazem pensar, sentir, decidir e reagir – e, a partir disso, entender como ser uma pessoa melhor, vejo como pequenas coisas podem levar a grandes descobertas.
O estudo logosófico me leva a transformar esse mundo interno em um verdadeiro laboratório.
Vou dar um exemplo de uma situação que se tornou para mim um útil elemento de reflexão.
Eu estava planejando a comemoração do meu aniversário e escolhendo o bolo que faria. Aqui vale explicar que, além de comê-los, eu adoro fazer bolos! Acabei escolhendo um de limão-siciliano com mirtilos. Era uma receita que eu nunca tinha feito, mais elaborada e mais doce do que as que preparo no dia a dia. Eu estava muito empolgada!
Na véspera da festa, cheguei do trabalho e fui preparar o bolo. Segui as instruções da receita e fiquei ali umas horas fazendo. Quando finalmente ficou pronto, sobraram alguns recortes que pude provar sem partir o bolo montado. Provei e achei doce demais. Imediatamente, minha alegria foi embora; me arrependi de ter escolhido aquela receita e de todo o tempo gasto preparando-a. Fui dormir chateada – já passava da meia-noite.
Durante a festa, ao partir o bolo e servir para os convidados (com certa reticência), tive uma surpresa: estava delicioso. A noite na geladeira serviu para que os sabores se equilibrassem. Voltei a ficar contente com o bolo, e todo o esforço voltou a valer a pena.
Depois, observando esses movimentos dentro da minha mente, percebi que eu queria experimentar algo novo, mas não me preparei para a possibilidade de dar errado!
Conectei essa observação com as perguntas que tenho sobre mim mesma e com o processo de superação que me proponho a seguir com o método que a Logosofia ensina para o conhecimento de si mesmo.
Para avançar, preciso realizar muitas experiências, porque a Logosofia me convida a estudar e comprovar uma nova forma de viver.
Se quero ser melhor, descobrir novas formas de pensar e de conviver, tenho a ilusão de que vou sempre acertar de primeira?
Vi aí a necessidade de me preparar e me predispor a retirar das experiências algo de útil, independentemente do resultado obtido. E desse elemento útil tirar também alegria por dar mais um passo nesse caminho.
Ou seja: com o bolo de aniversário, aprendi que, se quero experimentar, mudar, descobrir, preciso estar disposta também a errar e continuar feliz por ter tentado. Aprender com o erro e tentar de novo – sempre procurando acertar. O valor está no esforço que faço e na minha superação como resultado da experiência.
No caso de Newton, a queda da maçã não importa muito. Mas a força que ele descobriu por trás desse movimento é a mesma que explica a Lua girando em torno da Terra, por exemplo. Compreender essa força – a gravidade – permite prever a trajetória de um objeto lançado e, assim, trabalhar para que caia onde queremos, seja uma bola de papel ou um foguete.
Assim acontece dentro de mim. O bolo já não importa muito…