Vivi ricas experiências no meu campo familiar no período de pandemia, em que convivemos todos de forma mais presente, e muitas foram as oportunidades de atuar com os elementos que tenho aprendido com os estudos logosóficos ao longo dos anos.
No início da quarentena, quando tudo era novidade, meus filhos tiveram também que se adaptar às aulas virtuais e a todo esse universo de ensino à distância, exigindo deles mais responsabilidade, disciplina e vontade, uma vez que a distância parecia mascarar um pouco tais valores.
Percebi que minha filha estava inicialmente um pouco displicente com os estudos, querendo dar atenção apenas às distrações, como se aquela nova situação fosse logo acabar. Notei que ela não entendera ainda a gravidade da situação.
Planejei então uma conversa com ela para tentar levar alguns conceitos que fossem além daquela superficialidade que ela estava gostando de viver. No início senti-a reativa, nervosa, chegando a dizer que não gostava tanto de estudar, o que me surpreendeu — já que ela sempre foi uma boa aluna.
Então, peguei um papel, desenhei uma pizza, e em cada fatia fui mostrando-lhe os vários campos da vida que necessitavam de sua atenção diária: a higiene pessoal, a alimentação, o sono, a atenção à família, o estudo, a convivência com os amigos, o tempo nas telas. Mostrei a ela que, naqueles dias, o tempo que ela dedicava às telas e aos encontros virtuais estendia-se muito, ao passo que o tempo de estudar era muito pequeno, havendo, portanto, um desequilíbrio. Ela justificou-se então, dizendo que estava na adolescência e que precisava aproveitar esse tempo.
Nesse momento vieram-me as palavras do autor da Logosofia, que
o adolescente não tem a razão formada
e percebi ali, em suas palavras, isso acontecendo. O que lhe importava era aquele momento, sem o conseguir conectar com outros que iria viver.
Senti que eu tinha de levar algo maior para ela, não podia deixá-la achando que isso era o certo e que não haveria implicações futuras.
Então, novamente em um papel, fiz um desenho dela nos dias de hoje e falei que ela era uma adolescente, desenhei-a a seguir em 2025 e disse que seria uma jovem, e depois em 2030, quando seria uma jovem diferente, mas que todas as outras daqui para frente dependeriam das atitudes e decisões que a menina de hoje, a adolescente, tomasse, que haveria consequências para si, e que isso se chama Lei de Herança. Nosso ser de amanhã, o ser do futuro, herdará tudo o que o ser de hoje está fazendo.
Senti naquele momento que ela ficou pensativa, não mais me retrucou e se acalmou. Sei que isso é algo que precisa ainda ser muito bem solidificado dentro dela, pois nessa fase, com a razão ainda incipiente, não conseguirá ser firme em seus propósitos. Preciso estar sempre atenta e junto a ela, ajudando-a a ampliar este conhecimento.
Mais tarde, refletindo sobre nossa conversa, tive mais um exemplo prático e efetivo da sabedoria logosófica e sei que nesta fonte posso encontrar muito mais elementos para lutas que certamente viverei, ajudando assim a outros e realizando o meu processo de evolução consciente.