Em meus primeiros estudos de geografia aprendi, na pequena escola do interior, que os navegantes que descobriram as diversas terras que formam o continente americano se guiavam pela Estrela Polar, a mais brilhante do céu do hemisfério norte.
Eu não conseguia entender como uma estrela, apenas por ser a mais brilhante na abóbada celeste, podia servir de guia para alguém se orientar e chegar a algum lugar.
Muito anos mais tarde, ao assistir a um documentário sobre o giro da abóbada celeste, compreendi que a estrela polar se localiza praticamente no eixo de rotação do globo terrestre, parecendo quase imóvel em relação ao movimento aparente que todos os demais astros apresentam durante a noite.
A partir dessa constatação, consegui compreender como a Estrela Polar podia servir de guia aos navegantes, pois funcionava como referência para posicionar o barco em determinada direção, permanecendo fixa à direita quando vinham da Europa para a América, e à esquerda quando retornavam. Sua imobilidade era um ponto de apoio inalterável para o direcionamento da navegação em extensos oceanos, onde nada se via além da água.
Compreendendo, enfim, esse importante recurso que guiou tantos navegantes em incontáveis viagens pelos mares do mundo, não pude deixar de estabelecer uma correlação entre essa referência de viagem e a consciência humana como norte para a condução da vida.
Com efeito, em um mundo turbulento, sem um manual de vida que oriente os passos humanos em sua trajetória existencial, faz-se necessário contar com pontos de referência que sirvam de norte, para que não nos percamos na vastidão das possibilidades que o incomensurável oceano da vida nos apresenta.
Com o estudo logosófico tenho aprendido que essa orientação pode ser encontrada nas grandes virtudes humanas situadas na consciência, como: a responsabilidade, que, como um sol individual, nos recorda constantemente nossos deveres; o respeito, base essencial da paz, que se fortalece pela prática contínua do bem; a amizade, que une pessoas, povos e raças; a colaboração, expressão de um alto princípio de reciprocidade; a confiança, que reflete uma postura ética; e a lealdade, como fator de uma convivência sincera e duradoura.
Essas virtudes, fixas no firmamento individual como pontos inalteráveis, à semelhança de estrelas-guias, indicam com clareza a conduta a seguir em cada situação que a vida oferece, ajudando-nos a conduzir com acerto os passos pelos caminhos do mundo.
Através do cultivo dessas virtudes – e de muitas outras que a Logosofia ensina a conhecer e criar, se não as temos – podemos dirigir a vida com segurança e precisão, orientando nossa experiência existencial rumo a um porto seguro. Esse porto representa o destino culminante reservado aos seres que cumprem conscientemente um processo de evolução, em harmonia com as leis que regem todo o Universo.
