Como conhecer um homem apontado como grande ser humano ou um exemplo em algo que nos interessa?
Se é um grande músico, busco conhecer suas músicas; se é um grande pintor, preciso ver seus quadros, perceber o que me inspiram – e assim ocorre em todos os campos das realizações humanas.
Ser grande é ter feito algo reconhecido como valioso por muitas pessoas.
Como, então, situar o autor da Logosofia, Carlos Bernardo González Pecotche, nesse cenário?
Dizem que foi um grande homem. Mas em que campo da atividade humana teria sido “grande”? Interessa-me conhecê-lo? Como posso avaliar essa “grandeza” – e também usufruir de algo que faça parte dela?
A resposta a essa questão é bem simples e lógica: o tema de sua obra precisa me interessar e, para avaliar essa grandeza, tenho de conhecer algo do que produziu.
Mas qual foi sua obra? Somente os livros que escreveu? Sim, essa é, sem dúvida, uma parte fundamental de sua obra.
Mas há algo mais – muito mais do que isso…
Há toda uma vida para conhecer. Uma vida que reflete o exemplo da concepção original do ser humano, revelando que este possui duas naturezas: uma física, formada pela alma, e outra espiritual – chamadas a atuar em harmonia.
A vida de González Pecotche foi o exemplo dessa harmonia: a imagem do que pode ser a vida de um “homem-espírito”, expressão máxima da concepção logosófica – a vida de um ser humano em que alma e espírito se integram de forma perfeita, alcançando a unidade humana – a integridade do ser.
Há ainda a parte de sua obra refletida na vida daqueles que seguem seu pensamento, nas transformações e realizações que vão se operando em suas vidas.
Para conhecer essa parte, é necessário também conhecer seus discípulos – conviver com o que cada uma assimilou da grande concepção humanística contida em sua obra.
Há ainda a instituição que criou: a Fundação Logosófica.
Ele a estruturou como o campo experimental mais fértil para que seus discípulos assimilem a ética logosófica e absorvam, numa cadeia humanística de ajuda mútua, a essência dos conhecimentos contidos na concepção logosófica. É difícil formar uma imagem concreta do método logosófico de estudo sem conhecer, conviver e participar das atividades nesse ambiente, que é parte essencial da criação do autor e do próprio método.
Mas como se constituiu meu vínculo com esse grande homem, com esse grande espírito?
Como as grandes amizades de toda uma vida, começou na juventude, através da leitura de seus livros – com os quais senti uma natural afinidade de pensamento, pois reafirmavam em mim o melhor que já pude conceber para a vida, apontando um caminho sensato e seguro. Depois, ao longo dos anos – que já são muitos — esse vínculo foi se consolidando com o conhecimento do conjunto de sua obra, em seus diversos aspectos: os discípulos, hoje meus amigos; a instituição, a Escola que vim a conhecer profundamente e na qual colaboro com entusiasmo e alegria; e o ambiente logosófico, do qual eu e minha família desfrutamos.
De tudo isso, já conheço algo – e sempre me surpreendo com o quanto ainda há para conhecer. E, à medida que mais conheço, maior vai se tornando a imagem desse homem: a palavra mestre adquire seu real sentido!