Autoconhecimento

Se o ser físico perece, quem permanece?

julho de 2025 - 3 min de leitura
Autoconhecimento

Se o ser físico perece, quem permanece?

julho de 2025 - 3 min de leitura

Quando eu tinha cerca de cinco anos, minha mãe guardava uma caixa cheia de fotografias antigas da família. Sempre que ela a abria, era um momento de grande alegria para mim. Eu adorava ver aquelas imagens, conhecer as pessoas e ouvir as histórias por trás de cada foto. Algumas daquelas figuras me eram desconhecidas, mas minha mãe pacientemente me explicava quem eram e o que estavam fazendo naqueles momentos congelados no tempo.

 

Eu recordo de que, certa vez, ao olhar uma dessas fotos, perguntei onde eu estava naquela cena. Minha mãe sorriu e respondeu: 

Naquela época, você não tinha nascido, você nem existia.

 

Aquela afirmação me causou um profundo estranhamento e, cismada, pensei: 

Como assim, não existia? Eu sempre existi!

 

E logo falei à minha mãe que eu sempre havia existido – só não lembrava de onde estava antes de nascer

 

Pouco depois, minha mãe pegou uma foto antiga em preto e branco. Era a imagem de um bebezinho lindo, com cerca de nove meses de idade, sentado sobre uma mesa de madeira e usando um colar que prendia uma chupeta na altura do coração. A foto despertou em mim uma imensa ternura e curiosidade. Perguntei quem era aquela criança e onde ela estava agora. Notei uma mudança no semblante da minha mãe, que respondeu, com um leve pesar na voz: 

Era meu afilhado querido. Essa foi sua última foto, pois ele morreu poucos meses depois, de pneumonia.”

 

A palavra “morreu” ecoou dentro de mim. Eu quis confirmar: 

Morreu?

 

Minha mãe assentiu. Por um momento, o silêncio se instalou entre nós. Depois, voltamos a olhar outras fotos, e logo estávamos entretidas novamente. 

 

No entanto, aquela vivência ficou gravada em mim como um mistério: nascer, partir… E que lugar seria aquele – que eu não conhecia, mas sentia que existia? De onde viemos? Para onde iremos?

 

A Logosofia nos ensina que somos constituídos por duas naturezas: a física e a espiritual. A natureza física é aquela que estamos habituados a ver desde o nascimento – quando passamos a habitar um corpo físico para experimentar a vida em sua dimensão terrena. Essa natureza, porém, é perecível. Quando a vida física chega ao fim, o corpo perece.

 

Já a natureza espiritual, por sua vez, diz respeito ao espírito – aquilo que anima o ser e o impulsiona a experimentar e desenvolver capacidades transcendentes. Essa natureza é permanente, pois continua existindo mesmo após a morte da natureza física. Sendo eterna, pode nos tornar eternos em nossa existência também. 

 

Mas como alcançar essa realidade? Como podemos nos conectar melhor com essa parte imortal de nós?

 

Naquela infância distante, eu intuía que algo dentro de mim era eterno – só não sabia o quê.  Hoje, por meio dos estudos logosóficos, venho tendo a oportunidade de investigar e me aprofundar nesses temas, utilizando um método que me leva a realizar o processo de evolução consciente. Esse processo me conduz a pensar e a sentir sobre minha natureza espiritual e a conhecer suas altas prerrogativas, ampliando minha percepção sobre o mistério da Criação.

 

Venho compreendendo, a partir desses estudos e também daquilo que senti e intuí quando criança, que o físico perece, mas o espírito permanece ao longo de tantas e tantas jornadas.

A natureza espiritual do homem, ou seja, a que corresponde a seu espírito, diferencia-se, pois da física pelo fato de ser incorpórea e imperecível. O ser humano deve compreender que todos os seus esforços haverão de encaminhar-se para o predomínio nele de sua natureza espiritual, para experimentar em sua consciência a sensação cabal da perenidade.

Um pensamento de

 Cristiana da Silva Moura
 Graduada em Fisioterapia pela UNESA, possuindo pós-graduação em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa. Estuda e é docente da Fundação Logosófica no Rio de Janeiro desde 2021.

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