O que significa ser jovem? Será apenas uma fase entre a adolescência e a vida adulta? Por que muitas pessoas valorizam tanto “a época em que eram jovens”? O que essa fase tem de especial? Essas são algumas das perguntas que já me fiz.
No fim da adolescência, deparamos com uma grande escolha, aparentemente definidora de grande parte de nossa vida: a escolha da profissão. “Qual curso você irá fazer?” Esta é uma das perguntas que mais escutamos de familiares, professores, e até de estranhos, no momento em que estamos nos preparando para o Enem.
Mas é somente para a profissão que temos que nos preparar?
Fiz a faculdade em outra cidade, longe do ninho aconchegante e familiar. Ansiava por viver novas experiências e por conquistar a tão sonhada liberdade. Fui, aos poucos, aprendendo o real conceito dessa palavra.
Cabia somente a mim pôr em ordem a minha casa, organizar-me para fazer compras, pagar as contas, preparar a comida. Além disso, deveria conciliar todas essas tarefas com as atividades da faculdade. Ao assumir essas responsabilidades, percebia que ia conquistando a tão sonhada liberdade.
Entretanto, sofria com a inadaptabilidade ao conviver com pessoas muito diferentes de mim. Sofria também com a falta de vontade e a indisciplina que, às vezes, faziam-me andar em um ritmo mais lento do que o necessário. Em outras palavras, senti que me faltavam elementos para orientar minha vida com segurança.
Mas, como me podia sentir assim? Estava no curso que queria, tendo bons resultados e com a vida encaminhada. Não era esse o meu principal objetivo na juventude? Percebi que isso não era suficiente, que não bastava apenas estudar bastante, tirar notas boas, sair com os amigos e curtir a praia. Sentia que me faltava uma compreensão mais ampla sobre o verdadeiro objetivo da minha vida, que, claramente, não se poderia limitar a concluir meu curso, obter meu diploma e ser uma boa profissional. Havia algo mais a ser alcançado. O que seria?
Faltava algo que me ajudasse a ser “mais.” Ser mais disciplinada, mais adaptável, mais bondosa, mais tolerante, mais paciente. A vida não me deveria ensinar isso?
De fato, a vida ensina, mas não é possível aprender se eu não estiver atenta. Posso passar um dia encantador ao lado dos amigos em uma praia com muito sol e, ao mesmo tempo, estar desatenta ao que ocorre comigo. E é dessa forma que eu perco uma grande oportunidade: a de conhecer a mim mesma.
Interessava-me por muitas coisas, mas eu mesma não era uma delas. Não cultivava um interesse real em conhecer a jovem Júlia, meus pensamentos e sentimentos, minhas ideias e emoções. Descobri que é justamente por meio do conhecimento de mim mesma que surge a prerrogativa de ser melhor, de ser “mais” do que tenho sido.
A compreensão de conceitos fundamentais, que conquistei com o estudo logosófico de vida, existência, família, aproveitamento do tempo, e também de Deus, ajuda-me a construir convicções e a guiar a minha vida de forma mais lúcida e consciente.
E é aí que surge a verdadeira liberdade: a de ser verdadeiramente eu mesma.
Não basta somente ser uma boa profissional — é preciso ser também uma boa mãe, esposa, filha, irmã, amiga — um ser de bem; e entender que ser “mais” significa saber mais, em especial aprender sobre a parte da Criação que sou eu mesma