Família

Família, base de um mundo melhor

junho de 2022 - 4 min de leitura
Família

Família, base de um mundo melhor

junho de 2022 - 4 min de leitura

Em pleno século XXI, a ideia de casar e ter filhos soa como uma ameaça ao sucesso. Dividir o tempo com outras pessoas, mudar prioridades, ganhar novas responsabilidades, negar uma proposta de trabalho, adiar o doutorado, viajar menos, gastar mais… E… parece que construir família não se encaixa na fórmula do sucesso. Ainda assim, eu declaro: quero ter casa, marido, filhos – o pacote completo!

Constituir uma família não está nos planos de muitas pessoas da minha geração. A chamada geração Y caracteriza-se por ter frequentado as melhores escolas e universidades; lançando-se em seguida na pós-graduação, mestrado, MBA, intercâmbio. São jovens que se dizem sem fronteiras, empreendedores, de muitas viagens, muitos amigos e constantemente conectados. A vida parece estar sempre começando e o auge fica cada vez mais distante, pois, antes dele, ainda há um mundo por conquistar.

Em pleno século XXI, a ideia de casar e ter filhos soa como uma ameaça ao sucesso. Dividir o tempo com outras pessoas, mudar prioridades, ganhar novas responsabilidades, negar uma proposta de trabalho, adiar o doutorado, viajar menos, gastar mais… E… parece que construir família não se encaixa na fórmula do sucesso.

Ainda assim, eu declaro: quero ter casa, marido, filhos – o pacote completo!

A família sempre foi primordial para mim. As recordações mais felizes da minha infância são os momentos entre mãe e filha, as brincadeiras com meu pai, a chegada do meu irmão, os passeios com os avós, as conversas nas longas viagens de carro. De tudo o que vivi nesta fase, o que me marcou para sempre foi o amor daqueles que me deram a vida e o carinho de um lar que me fazia sentir-me diante de algo muito grande.

O lar foi meu primeiro campo experimental, onde ensaiei os primeiros passos, aprendi a desempenhar as tarefas imprescindíveis à minha subsistência e recebi orientações valiosas sobre como deveria me conduzir pelo mundo. Os animais já nascem desenvolvidos, independendo de seus progenitores pouco depois de nascer. Mas seria possível ao ser humano sobreviver a seus anos iniciais sem o auxílio da família? A resposta, claramente negativa, me faz indagar: Por que é assim? Haveria nisso algum propósito divino?

Fato é que a família de cada um de nós representa uma das tantas células que compõem este grande organismo que chamamos de humanidade e, como uma amostra do todo, é integrada por pessoas diferentes entre si. Qual campo experimental poderia ser mais propicio para iniciar-se na arte da convivência?

Para mim, na família se evidencia a singularidade de cada ser humano, a forma como devo tolerar as diferenças e aprender com elas, a importância da colaboração mútua, o valor da orientação e correção dos pais. Na família, aprendi a maior parte do que sei e me formei a pessoa que sou. Depois de ter recebido tanto, como poderia negar igual oportunidade a novos seres?

Conhecendo a mim mesma, vejo que não tenho apenas a estatura semelhante à da minha mãe, mas também seu jeito ativo e alegre. Do meu pai, mais que a cor dos olhos, herdei a calma e a responsabilidade. Além de outros aspectos que eu mesma trouxe em minha bagagem espiritual, herdei de meus ascendentes algumas características negativas e limitações, que, como indivíduos e como família, nos empenhamos em superar.

Ao pensar na mãe que quero ser um dia, imagino a mim mesma serena, sábia, tolerante, paciente e sempre alegre. E, como quem desperta de um sonho, me pergunto: Já sou tudo isso? Com que mágica irão surgir, repentinamente, tantos valores ainda ausentes ou vacilantes em mim? Concluo que não é só o desempenho de uma profissão que exige conhecimento. Constituir uma família, como tudo na vida, requer preparação.

Tenho estudado para ser cada dia melhor. Aos poucos, vou vencendo a impaciência, a falta de vontade, a intolerância e tantas outras deficiências psicológicas; percebo que já melhorei e vislumbro, com entusiasmo, a família que pretendo constituir e que já pode contar com um ser humano melhor e mais consciente da sua responsabilidade.

Cada passo adiante revigora minha confiança no futuro da humanidade, num mundo melhor para se viver. Afinal, se posso transformar a mim mesma, muitos também podem fazê-lo, com o auxílio dos mesmos conhecimentos. Está em cada ser humano a condição de criar a si mesmo, inspirando em seus descendentes o mesmo ideal. E é a família o campo. propicio onde deve nascer uma nova cultura!

Minha geração pode ser mesmo sem fronteiras, conquistar sempre mais, ganhar o mundo e ser símbolo de sucesso. Mas, além disso, tem a possibilidade de ultrapassar as fronteiras de sua existência individual contribuindo para uma nova humanidade, melhore mais feliz.


Um pensamento de

 Ana Carolina Gundin
Ana Carolina Gundin de Freitas, 29 anos, casada, formada em Direito na UFG, pós-graduada em Direito Civil e Processual Civil, servidora pública do Superior Tribunal de Justiça, nascida em Niterói-RJ, residente em Goiânia. Estuda e é docente de Logosofia em Goiânia desde 2011.

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