O que nos incomoda, dia a dia, nos diversos momentos? O que nos faz mais tristes, desanimados e até mesmo irritados? Se pensarmos que os seres humanos têm dificuldades semelhantes em qualquer lugar do mundo, que seus problemas são muito parecidos — independente da cultura, religião ou local de residência —, cabe uma reflexão mais profunda na análise desses motivos.

Insatisfação, pressa, ansiedade, preguiça, desorganização, brusquidão. Quais destas deficiências psicológicas estão mais presentes no mundo atual, na vida de cada um?

Uma deficiência muito presente nos dias de hoje é a curiosidade. É “curioso” perceber que enxergar os defeitos no outro é sempre mais fácil. O colega de trabalho, o parentex— e até o governo — são detalhadamente analisados em suas falhas, erros e desvios. O tempo gasto em elucidar a feiura alheia não é pouco.

A cultura vigente estimula isso o tempo todo: olhar para fora, apontar o ruim, queixar, lamentar e até mesmo justificar os próprios equívocos em função do outro. Chega a ser um passatempo em algumas culturas – como a brasileira – buscar informações sobre o vizinho, o conhecido e os artistas, para ter algo a falar sobre eles. Puerilidade? Maldade? Intrometimento ou rancor? Não importa a deficiência, o ser humano está sempre olhando para fora. E esquece – ou não sobra tempo – de aprimorar sua própria realidade interna.

Por outro lado, a busca pelas virtudes, pelo bem e pelo que é importante é algo natural nos seres humanos, mas ao longo dos tempos isso foi sendo sufocado, e nos tornamos pessoas superficiais, egoístas e inconscientes. Querer ser melhor, conhecer a Deus e ajudar a humanidade sempre foram inerentes ao espírito, a parte boa do homem.

O senso de justiça – a equanimidade, a flexibilidade, a decisão, a modéstia, a sinceridade, perseverança, tolerância, paciência inteligente são alguns dos valores dessa Nova Cultura que a Logosofia apresenta, para seres ávidos pelo novo e pelo bem que querem cultivar a moral e os valores mais profundos.

Há pessoas que nascem bondosas e generosas e por onde passam irradiam sua esperança. Outras, simples e diligentes, ajudam a todos que podem, imprimindo dinamismo e força nas atividades que desenvolvem. Há também aqueles sensatos e circunspectos que oferecem o equilíbrio e a ponderação nas questões mais difíceis.

Se treinássemos nossa observação de forma consciente, diminuindo a crítica desnecessária, talvez tivéssemos mais espaço mental para pensar nas grandes questões da evolução humana e, mais ainda, na nossa própria. Não me refiro aqui ao progresso material e tecnológico, que já está tão forte e bem atendido atualmente, mas à evolução espiritual, que exige o cultivo de valores, conceitos, método e experimentação, próprios das grandes ciências.

É necessário um estudo que efetivamente esclareça o complicado jogo das deficiências, que mostre ao ser humano a importância da vida espiritual e o quanto ele precisa retornar às origens. Mas algo dentro do ser precisa impulsioná-lo nessa busca, nesse querer fazer diferente e viver uma vida além do aspecto material.

O caminho proposto é começar a se observar, fazendo pequenos exercícios de melhoramento, buscando elementos positivos e construtivos para aperfeiçoar-se. E quando se tem por perto alguém que faz este esforço, torna-se mais fácil realizar o bem também, pois, como uma grande corrente, uma argola puxa e segura a outra. A beleza do exemplo útil está justamente em disseminar o belo, o justo e o correto.