Ao pesquisar-se na Internet sobre “Vida Consciente”, localizam-se diversos blogs, eventos, vídeos, sites e oferta de livros sobre o assunto. Percebe-se que o interesse por este tema cresceu muito nos últimos anos, sinal de que há um desejo profundo nas pessoas de viver em um mundo melhor e mais justo. Entre abordagens tão diversas, observa-se um ponto comum: a iniciativa de viver conscientemente é uma decisão pessoal. Não se apontam soluções externas, como programas de governo, incentivos financeiros ou seguir alguma ideologia. Todas elas levam em conta que a vida consciente é uma construção individual. E é exatamente nesse aspecto que a Logosofia tem muito a contribuir. Um dos livros de Logosofia, que trata de forma profunda a “vida consciente”, tem essa expressão no seu título. Chama-se “O Mecanismo da Vida Consciente” (disponível para baixar no site).
Já na década de 1960, o livro “Curso de Iniciação Logosófica”, ao expor os resultados da Logosofia no social, afirmava:
Mas qual é o problema do indivíduo? Justamente não ser consciente! Não sendo consciente, talvez levado pelo circunstancial e fortuito, sinta-se até perdido no mundo. Mas é na construção de uma vida consciente que tais problemas se resolvem.
Partindo do princípio lógico de que a vida consciente é a vida conduzida pela consciência, é necessário definir consciência. O livro “O Espírito” afirma que, para a Logosofia,
Uma analogia ajuda a esclarecer: quando um profissional quer apresentar-se, prepara um currículo, descrevendo sua formação e suas experiências acadêmicas; os conhecimentos adquiridos e sua atuação profissional; onde aplica ou aplicou seus conhecimentos. Deduz-se, portanto, que um profissional é essencialmente a consciência viva do seu ofício. Analogamente, em uma potencial vida consciente, o ser humano seria a presença viva dos diversos conhecimentos que domina. Entre os conhecimentos que promovem a vida consciente, existe um importantíssimo que se estuda na Logosofia: o conhecimento de si mesmo, que também poderia ser a consciência de si mesmo.
Na busca pela vida consciente, chega-se, então, às portas do mundo interior. O que se encontrará ao abrir essa porta? Por ser uma experiência de caráter individual, posso falar apenas do que vivencio. Observei, porém, nos grupos de estudos das instituições logosóficas, muita similaridade entre a minha experiência e a de outros estudantes.
Ao iniciar o conhecimento de mim mesmo, deparei-me com um aparente paradoxo. Descobri que antes de conhecer “o que sou” precisava de conhecer “o que não sou”. Afirmações comuns como “não deveria ter dito aquilo” “agi precipitadamente”, “faria diferente se voltasse no tempo”, são exemplos claros daquilo que “eu não sou”. Porque se “eu fosse”, eu teria me calado, agido cautelosamente e feito diferente desde o início. Mas, como explicar a existência de algo que não sou eu agindo como se fosse eu? Junto com a luz vêm as sombras… Nesta metáfora, com a luz dos conceitos logosóficos, vi as sombras impedindo o acesso ao meu mundo interior. Pareciam fazer parte de mim, mas não era eu.
Na identificação do que não sou, a principal “luz” foi estudar o livro “Deficiências e Propensões do Ser Humano”. Neste livro, a Logosofia apresenta conceitos e orientações claras para se caminhar no mundo interior. Além de conhecer os próprios defeitos, o leitor pode conhecer as virtudes e boas qualidades que muitas vezes estão adormecidas dentro de si. Seria impossível conhecer a mim mesmo sem viver tais experiências.
Outra surpresa ainda me aguardava neste processo rumo à vida consciente. Foi quando descobri que as virtudes conquistadas ainda não eram exatamente eu! Eram apenas as expressões perceptíveis de algo oculto dentro de mim. Foi com a prática do método logosófico que acabei por descobrir que ainda estava longe de abarcar minha natureza espiritual. Eu sempre soube, senti ou intuí a sua existência, mas somente agora era possível aproximar-me, conscientemente, do meu espírito.
É muito difícil explicar as experiências metafísicas em palavras. Isto que vivi não foi tão estruturado como aparenta em meu relato. Neste processo, um pouco de tudo acontece ao longo da vida e do tempo. As pequenas partes vão unindo-se, vão formando-se partes maiores, e assim sucessivamente. Quando menos se espera, aos poucos, começa-se a ver o que antes não se via, a sentir o que antes não se sentia. Esta jornada nunca termina, pois até a eternidade passa a ter um novo sentido.