Certo dia, caminhando pela rua em um fim de semana, vi uma cena que me impressionou bastante. Um homem empurrava um carrinho de bebê, mas sem prestar atenção ao caminho e, menos ainda, na criança que aparentava ser seu filho. Ele estava olhando fixamente para a tela do smartphone que trazia nas mãos.
Estamos em um mundo cercado pela tecnologia, onde a maioria das crianças e jovens entra cada vez mais cedo em contato com celulares, tablets e outras tecnologias. E realmente são indiscutíveis os benefícios que essas ferramentas podem trazer, quando usadas com equilíbrio. Porém, como determinar os próprios limites, sem ser absorvido pelas demandas que as constantes atualizações e avisos de aplicativos e redes sociais costumam exigir?
Observar aquele fato me fez refletir sobre as coisas que verdadeiramente merecem minha atenção e sobre a forma de conduzir e administrar meu tempo. Tenho a impressão de que, se eu não estiver atento, todos esses atrativos virtuais ocuparão em minha mente um espaço que deve ser destinado ao planejamento e cumprimento de projetos e experiências de real importância para minha vida.
Em determinado momento, observando que isso começava a acontecer comigo, optei por me desvincular de uma rede social que me consumia considerável tempo. Inicialmente, vi-me com mais liberdade mental e afastado das distrações que antes me desviavam de objetivos e propósitos. Não incentivo que o leitor faça o mesmo, e sim que pense sobre a própria realidade.
E disse “inicialmente” porque o fato de eu ter saído da rede social não fez com que o pensamento diminuísse sua força, apesar de ter colaborado para reduzir as oportunidades que ele dispunha para se manifestar e me fazer perder tempo. Internamente, percebi que o pensamento de buscar distrações passou a atuar de outras formas em mim. Isso me levou a refletir que, para mudar uma conduta —
seja a minha ou, analogamente, a de um povo ou cultura —, em qualquer aspecto, deve-se começar pelas causas, que são os pensamentos.
Posteriormente, retornei à rede social, mas com objetivos mais claros em relação ao aproveitamento do tempo. Apesar de não haver vencido totalmente aquele pensamento, percebo que o propósito de manter a mente atenta e ativa me ajuda a incorrer em menos erros e a ser mais decidido em minhas atuações.
Atualmente, considero que o ideal é o equilíbrio e o esforço de buscar perceber se o pensamento que me leva a adotar tal ou qual decisão é realmente meu ou se vem do externo, da preocupação com “o que os outros dirão se…”, ou do que é usual em uma cultura. Percebo que, quando não conheço e domino os pensamentos de minha própria mente, posso carregar, mesmo inadvertidamente, ideias que não são minhas. Consequentemente, posso agir de forma contrária ao que realmente gostaria.
Naquele dia, observar o homem do carrinho me fez refletir sobre a responsabilidade e importância de conhecer mais sobre meus pensamentos, já que quero ser dono de meu próprio tempo. Afinal, isso se reflete diretamente na convivência com os demais, e quem não quer ser um bom pai no futuro?