Todas as manhãs, ao sair bem cedo, caminho durante alguns minutos por uma avenida movimentada até chegar ao local de trabalho. É bem cedinho mesmo… No início de mais um dia, os carros e a multidão ainda não se apoderaram de todos os cantos das ruas e calçadas da cidade.

Porém, chama-me a atenção uma cena que vejo todas as manhãs — da mesma forma como quando a testemunhei pela primeira vez: uma jovem mãe, provavelmente indo para seu trabalho, empurrando um carrinho de bebê. Dentro desse carrinho, uma linda menininha, toda empacotada, talvez protegida para que não seja surpreendida por algum vento mais frio que possa adoecê-la. Empurrando o carrinho pela calçada, a jovem mãe – que não deve ter mais que 27, 28 anos – vai conversando com seu bebê. Mostra-lhe as árvores, chama a atenção dele para os pássaros que piam nas calçadas e ajeita seu corpinho para que ele veja melhor o movimento. A menininha, com pouco mais de oito meses, a tudo olha, interage com a mãe, pisca os olhinhos e, as bochechas, bem rosadinhas, parecem aumentar ainda mais ao sorrir quando algo lhe agrada. O que nesta cena me causa reflexões? Tudo!

O cuidado simples, de todos os dias, que aquela mãezinha tem ao mostrar o mundo àquele pequeno ser é de um simbolismo imenso. A geração que chega precisa encontrar no mundo pessoas dispostas a lhe ensinar e apresentar o que foi construído por Deus e pelos homens.

Meu coração chega a disparar ao pensar na responsabilidade que cada adulto precisa ter quando está perto de uma criança ou de um adolescente. Atualmente, observo que muitos pais e mães não se preocupam em explicar, apresentar aos filhos o que foi construído pelas gerações anteriores, mostrar-lhes como as coisas acontecem no mundo, com a devida seleção que merece, para que o entendimento do jovem e da criança possa funcionar e ajudar sua formação. Parece que, como está tudo aí mesmo, não há necessidade de muitas apresentações ou, o que ainda pode ser pior: a desculpa de que a vida ensina!

A nova geração – representada pelos filhos que chegam neste mundo – merece receber explicações claras; tem direito a estar perto de adultos que a orientem, que lhe apontem o que vale a pena ser descoberto, visto, lido, aprendido. Neste mundo globalizado, o amor dos mais velhos aos mais novos precisa aparecer também na seleção do que é agradável de ser visto e ouvido, útil à sua vida, proveitoso para sua evolução, sensível à sua alma. Coisas que realmente podem nos engrandecer como seres humanos. Isso sim precisa ser ensinado.

É preciso também elevar nossas preocupações à saúde psicológica desses pequenos, oferecendo-lhes o que há de melhor para nutrir seus mundos internos.

Nas propagandas e comerciais, que tanto enaltecem as mães, algo mais deveria chamar nossa atenção: o amor. O amor verdadeiro que toda mãe, ao ter seu filhinho nos braços – seja ele grande ou pequeno –, sente profundamente; um amor imensamente forte que quer fazer o bem a outro ser, quer ensiná-lo e quer que ele seja muito melhor do que ele em realidade é. É preciso, por fim, pensar: que mães e pais surgirão no futuro, herdeiros das mães e dos pais de hoje?