Certa vez, visitei uma exposição de objetos vencedores de um prêmio de design, que apresentava desenhos diferentes do comum, muito originais. Eu estava diante de um deles, admirando sua forma, quando comecei a refletir sobre como ele teria sido criado.

Onde são criadas as coisas? Digo, onde nascem os pensamentos e ideias que dão origem às criações humanas? Na mente, não é? Antes de um objeto se constituir materialmente, sua imagem surge no plano mental. Primeiro, pode surgir uma imagem bruta, sem muitos detalhes. Mas, depois, essa imagem vai sendo burilada, aperfeiçoada, vai ganhando forma até chegar a um modelo final, que é o arquétipo de uma obra. Nele está implícito o princípio que regeu a concepção, a razão pela qual foi criado. Contém todas as informações sobre sua forma, estrutura e sua função.

Antes de um objeto se constituir materialmente, sua imagem surge no plano mental

  • E quanto ao ser humano?
  • Qual seu arquétipo?
  • Qual sua estrutura física e metafísica?
  • Com que objetivo foi criado?

Todos intuímos que há uma razão superior em que se baseia a vida humana, tanto que, desde o seu surgimento na Terra, buscamos responder às perguntas sobre nossa origem, missão e destino.

As coisas que o homem criou não foram feitas por obra do acaso. Por analogia, a criação do universo também não poderia ter sido uma casualidade. Há um Criador, uma mente capaz de dar vida ao que existe, e tudo foi criado com um propósito, segundo um modelo.

O arquétipo humano é perfeito, mas é preciso acessar este potencial que se encontra latente dentro de si. Os defeitos, as deficiências psicológicas e as imperfeições existem porque o homem ignora como fazer se manifestar tudo o que há em seu interno de bom, elevado e transcendente.

A possibilidade de superar tudo o que há de negativo dentro de si é o início da construção de um novo ser humano

A possibilidade de superar tudo o que há de negativo dentro de si é o início da construção de um novo ser humano. Cada um pode projetar quem quer ser e aprender a utilizar as ferramentas para viabilizar este plano.

É como se fosse um novo nascimento, agora de forma consciente. Ao mesmo tempo em que se deixa de ser o que não se quer ser, constroem-se as qualidades, as virtudes, enfim, o bem que está impresso no arquétipo humano.

As possibilidades para se criar um novo ser estão dentro de todos, a exemplo de sementes à espera da germinação. Analogamente, ocorre algo interessante nos locais inundados em que matas foram suprimidas para a formação de um reservatório. Em épocas de pouca chuva, o nível da represa diminui e parte do chão, antes submerso, fica exposto. Então, observa-se o nascimento de vários plantas sem que ninguém as tivesse semeado. O solo mantém um banco de sementes em estado latente, que germinam quando o ambiente se torna favorável ao seu crescimento. A mata, antes ali presente, continua existindo, só que em potencialidade dentro da terra.

Temos dentro de nós reservas morais e espirituais, sementes de tudo o que podemos ser

Com o ser humano ocorre algo semelhante. Temos dentro de nós reservas morais e espirituais, sementes de tudo o que podemos ser dentro do arquétipo estabelecido pelo Criador, mas precisamos criar um ambiente favorável para essas sementes germinarem. Os defeitos, os pensamentos negativos, tudo o que atua contra o ser humano e impede sua evolução são como a água da represa, que impossibilita as sementes de iniciar o seu processo de germinação. Tenho aprendido que cada um pode “drenar” o ambiente interno e fazer brotar, aqui e ali, as boas sementes, para caminhar em direção à imagem arquetípica do ser humano.