Aprendendo com as crianças

“Professora, tem certeza que não existiam homens na época dos dinossauros?” “Tenho! Por quê?” “É que meu pai vive falando que a geladeira da minha avó é da época dos dinossauros…” 

Qualquer professor que se dedique a escrever um livro terá muito para contar. A espontaneidade e o interesse são características marcantes das crianças, oferecendo uma rica oportunidade para que nós, professores, possamos fazer o bem constantemente. 

O preparo da nova geração

Os jovens têm um grande anseio de mudar o mundo e comigo não foi diferente. Em minha juventude, queria uma profissão que me permitisse fazer a diferença, com a qual construiria uma nova humanidade. Inevitavelmente, essa nova humanidade requer a transformação do indivíduo, que formará uma nova cultura espelhada em nossas crianças: cultivando a superação como ideal permanente. 

Mas, a quem confiar a construção desse promissor futuro? Às crianças e adolescentes de hoje, atribuindo-lhes toda a responsabilidade de mudar o panorama mundial? Certamente não. O futuro depende, fundamentalmente, de como os adultos preparam a nova geração. 

Anelar que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa é uma atitude de generosidade. Trabalhar para que elas tenham recursos para concretizar esse anelo é o nosso grande desafio.

Com esse objetivo, neste ano transmiti aos meus alunos o ensinamento do educador e humanista González Pecotche: “se querem expandir ainda mais a vida, unam à própria alegria a alegria do semelhante”. 

Experiências transcendentes

Levei para a sala de aula um vaso e um ramalhete de flores coloridas. Relatando uma passagem da minha vida que me fez muito feliz, coloquei a primeira flor no vaso. Em seguida, todos concordaram que o adorno poderia ficar ainda mais belo. “Podemos colocar mais flores, professora!”, exclamaram.

Peguei mais uma flor, contando uma conquista do meu irmão, explicando como aquilo também havia me alegrado, ainda que eu não fosse a protagonista da história. Assim fomos preenchendo o arranjo, aprendendo a multiplicar a nossa felicidade com a dos demais. 

Resultado: as crianças absorveram o conhecimento como esponjinhas! “Professora, sabe o que vai acontecer se eu não ganhar o concurso da nossa turma? Eu não vou ficar triste! Vou é ficar feliz com o meu colega que ganhar!”.

O que essa semente pode favorecer para a formação de uma humanidade mais feliz? Quem sabe se reproduza e possa, finalmente, pelas mãos das crianças de uma nova geração, unir pessoas, famílias e povos? 

Plantando as sementes

As mentes infantis ávidas pelo saber são terras virgens e férteis. Não posso negar que, como professora, tenho oportunidades diárias para contribuir com a orientação da humanidade nascente. Porém, não tenho dúvidas de que todos podem ser educadores. Independentemente da profissão, “a responsabilidade dessa obra envolve todo aquele que sinta perto de si uma alma de criança”. Isso exige atenção ao dever moral de nelas plantar sementes maravilhosas, para que dali floresçam pessoas que pensem e façam o bem.