Eu me recordo de escutar minha mãe trazendo-me este provérbio na infância. Ela me aconselhava, ao proferi-lo, a escolher um curso, a colocar em prática algum projeto que eu tinha em mente ou até mesmo a criar o hábito de arrumar meu quarto e pertences. Este conselho materno buscava desestimular a procrastinação corriqueira que tanto se faz presente no cotidiano de muitos de nós, principalmente quando somos jovens.

Nesta fase da vida, em especial, temos o forte ímpeto de deixar “a vida nos levar”, de modo que, com frequência, os deveres e as obrigações acabam assumindo um papel secundário. Mas, quando chegamos à vida adulta lamentamos não ter dado um pouco mais de atenção àquelas sábias palavras de mãe! Quanta diferença faz não ter dado continuidade aos projetos idealizados na juventude! Quão útil poderia ter sido o empreendimento de um pouco mais de esforço em determinada atividade, de modo que hoje pudéssemos colher alguns frutos destas iniciativas!

Quando adolescente, minha mãe me matriculou em um curso de inglês, alegando que este aprendizado seria de suma importância para minha vida adulta. Iniciei o curso e, diante das primeiras dificuldades, parei de frequentá-lo. Apesar dos deliciosos momentos vividos na cantina do curso, os quais nunca escaparam de minha memória, tal recordação perdeu sua importância quando, anos mais tarde, deparei-me com uma situação profissional que me demandou o conhecimento daquela língua.

Precisava estabelecer a comunicação com um cliente estrangeiro que estava a negócios na empresa onde trabalhava, porém, não possuía os conhecimentos necessários. Naquele momento, pude recordar a criança que fui, a escolha que realizei, e o quanto a continuidade nos estudos teria me feito um enorme bem e me possibilitado, inclusive, novas conquistas profissionais. As palavras da minha mãe: “Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje”, ressoaram, então, de modo ainda mais intenso.

Na fase adulta, comecei a entender que precisava mudar a minha forma de pensar, precisava arranjar alguma maneira de colocar em prática os sábios conhecimentos advindos não só de minha mãe, mas de todos aqueles que colaborassem para eu viver uma vida mais plena, cumprindo os objetivos que me propusesse e vencendo as limitações que possuía. Foi nesse momento que entrei em contato com os conhecimentos logosóficos, responsáveis por grande parte do amadurecimento que experimentei e, gradualmente, fui obtendo.

Ser capaz de olhar para dentro de mim e enxergar o que realmente precisava organizar e ampliar para alcançar tudo aquilo que desejava é algo que, hoje, eu me proponho a fazer diariamente, com base nos estudos que realizo. Esse estudo foi um estímulo que me ajudou não somente a reiniciar o curso de inglês, como também a viver e experimentar grandes mudanças positivas na minha própria psicologia. Aprendi a importância de conhecer a mim mesma e, com isso, ser capaz de identificar e preencher os vazios de minha vida.

Além disso, ao recordar o meu passado de modo mais consciente, percebo que tudo na vida é processo. Se ontem não fui muito feliz, hoje, quando olho para o futuro, sei que posso empenhar esforços, técnicas e conhecimentos que irão me possibilitar ter o controle sobre o que está por vir. À medida que tomo conhecimento de minha capacidade de construir hoje o que quero ser e viver futuramente, sou capaz de estar sempre num processo de aperfeiçoamento que garante, inclusive, que eu seja ainda mais grata por esse passado que tanto ensina e permite que eu viva e colha os frutos de hoje.

Ter a presença de minha mãe naquela fase é motivo de muita gratidão e alegria, pois ainda com todo esse tempo decorrido, sou consciente do bem que ela me fez, dos conselhos que me passou e da companhia e amor dos quais tão alegremente desfrutei.

Como ensina González Pecotche, autor da Ciência Logosófica:

“Cada um viveu um passado, está vivendo um presente e deve viver um futuro; mas, pode alguém explicar o que representa esse passado, o que representa esse presente e o que representa esse futuro? Não será possível, enquanto não se tiver consciência do seu significado. Não obstante, a Logosofia ensina como se pode conhecê-los, a fim de dar o verdadeiro valor aos tempos de vida que devem ser percorridos em todas as etapas da existência humana”.