Em minha vida profissional, obtive ótimo desempenho em sala de aula, fruto do conhecimento que fui adquirindo com a Pedagogia Logosófica. Os resultados foram aparecendo tanto no Colégio Logosófico como em outros colégios que lecionava.  

  

À medida que iam melhorando esses resultados com os alunos, eu mergulhava cada vez mais nessa maravilhosa pedagogia. Trabalhei 33 anos no Colégio Logosófico e no magistério, no total 41 anos. Lecionei em colégios particulares no ensino fundamental II e em colégios estaduais.   

 

Com os ensinamentos dados pelo autor da Logosofia, à medida que ia me aprofundando nesses conhecimentos, ia assimilando parte do conteúdo energético funcional que eles contêm.  Assim, de posse deles, eles passavam a ser meus também à medida que os comprovava em minha vida.  

 

Com essa pedagogia fui tendo condições de entender melhor meu aluno e a mim mesmo. Por exemplo: como posso ensinar um valor a uma pessoa se não possuo esse valor? Como posso falar de paciência para o meu aluno, se não cultivo a paciência em muitos momentos de minha vida? Quando estudei a paciência, entendi que ela deve dar serenidade ao ser humano para que o seu tempo seja útil e proveitoso e compreenda a espera. Para adquiri-la fiz o caminho da compreensão, adestramento e realização. 

 

Como falar de paciência para meu aluno, se transmito em minha fisionomia a impaciência? No meu processo de amadurecimento profissional, mental e espiritual, fui me vacinando com alguns antídotos, contra déficits psicológicos que o ser humano possui. Uma dessas vacinas foi contra a impaciência. 

 

Uma vez um aluno veio me abraçar na saída da escola. Ele me perguntou o seguinte: professor como o senhor tem tanta paciência com a minha turma, pois os garotos são muitos levados? Respondi que tudo que eles faziam, era por não terem consciência dos seus atos. A mente desses alunos era dominada por pensamentos de bagunça, desatenção, inércia, raiva, falta de interesse, soberba etc. Esses pensamentos apareciam no momento da aula. Continuei a conversa com o menino mostrando que a mente desses alunos, a que ele se referia, era igual a uma praça pública, onde entram e saem pessoas e ninguém tem o controle de quem entrou ou saiu. A mente desses alunos também não tinha como controlar esses pensamentos e assim não tinha como ter controle de seus atos. O aluno entendeu a analogia e foi embora pensativo. Na semana seguinte, no intervalo da aula, me aproximei do aluno e falei que aos poucos daria um jeito na turma, mas precisava de um tempo. Falei também que jamais iria ficar gritando ou mesmo tratar mal alguns deles. Disse que eu tinha pelo menos três vezes mais a idade deles e era eu quem tinha que administrar a situação da melhor maneira possível.  

 

  Quando acontecia uma descolocação de um aluno, eu normalmente o chamava para fora de sala e, nesse momento, lhe falava de coração a coração. O aluno entendia que eu estava no comando, mas sentia que eu estava do lado dele. 

 

      Como eu estava atuando com base em uma ciência, fui traçando uma estratégia para essa turma. Mandei, via pasta do aluno, um questionário para os responsáveis responderem. Em algumas situações a mãe descrevia determinados fatos bem diferentes do pai. Avisei que estava trabalhando com a turma alguns conceitos para a vida deles. A partir desse questionário fui traçando um perfil psicológico de cada aluno. 

 

       Quando entrava naquela sala de aula já tinha pensamentos pensados sobre as várias situações que poderiam acontecer com as psicologias que iria encontrar. Como não tinham domínio do que faziam, às vezes surgia um problema, mas eu não entrava no jogo dos pensamentos deles. Sabiam muito bem irritar um professor e a turma era muito mal falada em geral. O ping pong verbal não acontecia comigo porque eu sabia de antemão o que estavam pensando ou articulando. Quando passei aquele questionário para os pais, identifiquei onde estavam os seus déficits psicológicos. 

 

 A partir dessa identificação, comecei a trabalhar com as eficiências e não com as deficiências ou propensões. Fui neutralizando aqueles pensamentos que mais apareciam em sala de aula. Comecei a fortificar os valores que traziam em suas heranças ou que tinham já desenvolvidos no seu curto tempo de vida de adolescentes. Dizia que cada ser humano deveria sempre procurar se melhorar, pois não nascemos completos.     

   

            Já no primeiro ano os resultados foram surgindo. A turma foi se acalmando. Como o ambiente em sala ficou bem mais saudável, comecei a ir ao laboratório com eles. Dissecávamos peixes e até um tubarão que ganhei na feira livre. No nono ano, fui convidado para ser paraninfo dessa turma. 

 

Os queridos adolescentes não faziam a mínima ideia do que é um pensamento. Para a Logosofia os pensamentos são entidades autônomas que se geram na mente humana, onde se desenvolvem e ainda alcançam vida própria. Os pensamentos passam a ser uma força ativa de ordem construtiva quando estão subordinados às diretrizes da inteligência ou quando, a partir de uma rigorosa fiscalização, ficam subordinados a ela. 

 

Os pensamentos classificados como deficiências, que não ficam subordinados à inteligência, têm grandes possibilidades de se tornarem feras mentais. Eles podem devorar outros pensamentos, tirando-lhes a força. Podem eliminar pensamentos de bem que às vezes ficam isolados no nosso campo mental. Sendo assim, é melhor conhecer os inimigos que temos dentro, para combatê-los com lucidez mental, a ignorá-los, enquanto ficamos à mercê de suas influências despóticas, suportando docilmente a maioria dos desgostos e depressões que diariamente nos perturbam.