Num mundo distante daqui existem entidades que nascem, crescem e se reproduzem às custas do tempo. Elas se alimentam sempre que, por descuido, inibição, ou desatenção do governante desse mundo, as portas das arcas onde ficam as porções de tempo são abertas. Esses verdadeiros vampiros tem um apetite insaciável e parece que só existem para fazer com que o espaço existente nesse mundo, resultante da ação do tempo, desapareça.

Tudo isso não teria muita importância para nós, meros mortais, nem nos afetaria tanto assim, aqui na Terra, caso esse tempo fosse tão somente sinônimo de dinheiro, como ouvimos se repetir por aqui há tantos séculos; e também se esse mundo a que me refiro fosse realmente distante daqui. O caso é que o mundo em questão está mais perto do que supomos, está no interno de cada um de nós, no meu interno, no seu interno; e nesse mundo o tempo é sinônimo de vida, não de dinheiro.

[…] o mundo em questão está mais perto do que supomos, está no interno de cada um de nós, no meu interno, no seu interno; e nesse mundo o tempo é sinônimo de vida, não de dinheiro.

Como Acessar o Mundo Interno?

Quer dizer então que existe um mundo no interno de cada um de nós e que nele existem insaciáveis devoradores de tempo, devoradores de vida? Existe sim, e não é obra de ficção científica, não!

Como é que eu descobri isso?

Fazendo o que eu não fiz até os 23 anos de minha vida. Aprendendo a olhar para dentro de mim mesmo, voltando os olhos de meu entendimento para o interno!

Aprendi a olhar para dentro de mim mesmo, nessa idade, instruído e auxiliado por novos conhecimentos, os logosóficos. No início eu não distinguia muito bem os seres que viviam ali, nesse mundo interno. Parecia que eles estavam envoltos em espessa névoa, névoa que me impedia de enxergar e definir com precisão suas presenças. Mente, pensamentos, memória, sonhos, sentimentos, vontade, espírito, eram tudo a mesma coisa para mim. Mas, à medida que me empenhava nesse trabalho de penetração, percebia uma evolução no desenvolvimento dos meus órgãos de sensação; conseguia definir melhor cada uma dessas engrenagens de meu mecanismo consciente, e também fui sentindo a necessidade de aperfeiçoá-lo.

Quem São os Devoradores do Meu Tempo?

Foi assim que, um belo dia, tomei contato com os insaciáveis devoradores de tempo.

Quem são eles? Como foram parar ali, no meu interno? Eles estão mesmo no interno de todos nós?

Bem, preciso explicar melhor essa verdade: os insaciáveis devoradores de tempo são os meus problemas e inconvenientes cotidianos, do meu dia a dia; são os meus problemas familiares, do trabalho e os do meu próprio mundo interno. Eles apareceram porque o governante desse mundo interno esteve ausente durante um bom tempo.

Os conhecimentos logosóficos, informantes eficientes, de fonte fidedigna, me contaram que o governante desse mundo foi preso numa escura masmorra, sem possibilidade de fazer ouvir sua voz. Como ele não mandava mais no mundo interno, as arcas do tempo, e portanto da vida, passaram para as mãos dessas entidades animadas, os pensamentos-problemas. Eles passaram a dominar meu interno e minha vida desde então.

Mas, aos 23 anos, como já disse, fui avisado, pelos fiéis informantes, onde ficava essa masmorra, como chegar até lá e qual a chave que abria suas grades.

Tenho que contar também que, quando abri as portas daquela escura masmorra, vi que o governante ali preso era eu mesmo. Como assim? Como pode ser? Se eu estava preso como posso ter saído e aberto as portas da masmorra?

É que, ao começar a pensar na solução dos pensamentos-problema, eu retomei a chave do tempo, que estava na mão daqueles insaciáveis devoradores. Essa chave, a chave das portas da masmorra psicológica, na qual eu mesmo estava preso, era essa função criadora de soluções, a função de pensar. E pensar que eu nem sabia que a possuía e que poderia usá-la conscientemente.

Ao criar soluções para minha vida, passei a dominar o tempo e me adiantar a ele.

Ao criar soluções para minha vida, passei a dominar o tempo e me adiantar a ele. Assim pude ir ao meu futuro e, de lá, do futuro, ver a mim mesmo preso, no meu passado, naquela masmorra. Consegui, dessa forma, me encontrar comigo mesmo e me libertar, assumindo gradualmente o governo do meu mundo interno, do meu tempo e da minha vida.

Descobri também que o meu mundo interno é pequeno em aparência, mas pode se ampliar muito, pois é porta de entrada para um outro mundo, imenso, o mundo das idéias superiores, o mundo metafísico; e ambos se comunicam ininterruptamente, já que são feitos da mesma substância.