Desde a infância, fui ensinada a agradecer como forma de reconhecimento por algum benefício, auxílio ou favor recebido. Mas, afinal, qual é o conteúdo intrínseco da gratidão na vida do ser humano em todas as etapas de sua existência?

Hoje, com o advento das mídias sociais, a todo momento recebemos mensagens sobre gratidão. Observo que essas palavras, embora toquem a sensibilidade de alguns, logo caem no esquecimento.

Com o estudo de Logosofia, aprendi a cultivar a gratidão, recordando todos os momentos e pessoas que trouxeram mais significado a minha vida.  González Pecotche, autor da Logosofia, ensina que:

E quanto mais gratidão experimente o homem pelo passado, quanto mais gratidão guarde pelas horas felizes vividas nele, assim como pelas de luta e de dor, que sempre são instrutivas, tanto mais se abrirá sua vida a novas e maiores perspectivas de realização. (Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 224)

Como havia aprendido também que é necessário experimentar o ensinamento para o compreender e alcançar a verdade que ele contém, senti-me chamada a revisitar um trecho dolorido e intenso do meu passado. Embora eu o tivesse neutralizado com grande esforço, ele ainda retornava ocasionalmente, como uma sombra a incomodar meu interno.  

Neutralizei aquele episódio difícil da minha vida, trancando-o em uma caixa interna, para conseguir reerguer-me e seguir em frente. Mas será que eu necessitava mesmo voltar àquele passado e ainda experimentar gratidão pelas horas de luta e de dor, como ensina a Logosofia? Eu realmente queria reviver tudo aquilo? 

Resolvi dar-me a oportunidade de reviver o que um dia foi amargo, agora guiada pelos conhecimentos adquiridos. Mas o que, de fato, eu precisaria fazer? 

Recordar aquela passagem, detalhe por detalhe, aprender com ela, e extrair conhecimentos a partir das condutas que, tanto eu quanto as outras pessoas envolvidas, tivemos na época e também, com base nesses conhecimentos, iniciar o processo de desenvolvimento e cultivo do verdadeiro sentimento de gratidão por tudo o que vivi e por aqueles seres.  

Nesse processo, pude entender a razão por que neutralizei esse trecho da minha vida. Foi porque, até então, eu não tinha recursos para reviver aquele período sem alimentar pensamentos negativos em relação às pessoas e aos fatos ocorridos. Não queria tampouco ter pena dessas pessoas porque não considero que a pena contribua para minha evolução ou a do meu próximo. 

Após todas as reflexões, compreendi que González Pecotche oferecia um caminho para revisitar e reabrir aquela página do livro da minha vida. Através da recordação, novas e maiores perspectivas de realização tornar-se-iam possíveis, ainda nesta etapa da minha existência. Afinal, por que deixar para outra etapa? 

Esses estudos aprofundados têm sido proporcionados pela Ciência Logosófica, ciência do afeto, que traz intrínseco em seus postulados, seu método e suas técnicas, o caminho para que cada um, por meio da experimentação em si mesmo, possa chegar a conteúdos mais profundos do sentimento de gratidão, com base nos resultados alcançados em sua própria jornada.  

Hoje, cultivo uma profunda gratidão à Logosofia pela oportunidade desse resgate. Aprendi a ser grata por aquele trecho do meu passado e pelas pessoas que dele fizeram parte. Eles seguirão sendo uma página no livro da minha vida, agora enriquecida pelos conhecimentos que pude alcançar e realizar em mim mesma. A partir desse aprendizado, sigo com firmeza e valentia na jornada em prol da minha própria superação e redenção. 

Este relato demonstra que, com os conhecimentos extraídos de momentos passados, guiados pelo método logosófico, é possível iniciar e manter o cultivo da gratidão pelo que foi vivido e por cada indivíduo que fez parte dessas experiências, inclusive aquelas que causaram dor e sofrimentos. Para mim, isso é alcançar a essência do sentimento de gratidão.