Quais são as credenciais que deve apresentar ao mundo uma pedagogia que propõe a formação biopsicoespiritual da criança e do adolescente?

Em primeiro lugar, uma fonte de sabedoria capaz de inspirar o conteúdo e uma ação pedagógica que torne tal proposição aceitável e viável. Nesse sentido, a Pedagogia Logosófica fundamenta-se nos conhecimentos que a Logosofia apresenta sobre a configuração do ser humano em seus aspectos mental, psicológiEnsinar a uma criança um valor ainda não conhecido ou praticado no mundo adulto que a cerca e que pretende educá-la é, certamente, repetir a fórmula que deu origem ao mundo de hoje, com as inquietantes dificuldades de ordem psicológica, moral e espiritual que desafiam a atuação pedagógica em todos os níveis, em todas as sociedades, em todos os povosco, moral e espiritual.

O segundo ponto, igualmente importante, está na realização prévia — pelos docentes — dos valores pedagógicos propostos. Em outras palavras, a tarefa agora consiste em realizar primeiro em si mesmo o que se espera que os discentes venham a realizar como objetivos educacionais. Ou ainda: na docência logosófica, o pilar central repousa no exemplo do docente. E, agora nas palavras da própria Logosofia, cumpre saber que “todo ensinamento moral não avalizado pelo exemplo de quem o dita atua em sentido contrário na alma de quem o recebe”

Ao propor a formação biopsicoespiritual da criança e do jovem, a Logosofia apresenta conhecimentos que mostram como está organizada e como funciona a parte psicológica e espiritual do ser humano.

O homem do nosso século conta com inúmeros conhecimentos sobre seu organismo físico, sua organização biológica, mas ainda conhece muito pouco sobre a natureza, a organização e o funcionamento de sua mente e da sua sensibilidade. Ignora igualmente como ocorrem as relações entre tais realidades internas. O conhecimento da concepção logosófica sobre o espírito individual e suas funções na vida humana adquire um valor de ordem superior, pois o espírito desempenha um papel de inegável importância nos processos de aquisição de conhecimentos, conceitos, valores, habilidades e aptidões em todas as áreas do conhecimento.

A Pedagogia Logosófica propõe-se trabalhar com esses elementos desde a infância, favorecendo com estímulos naturais a formação de uma realidade interna a que todo ser humano pode ter acesso, mas que não entra sequer nas cogitações pedagógicas que orientam sua educação, em virtude do desconhecimento que paira sobre o assunto.

E não se trata, como podemos deduzir do que foi dito até aqui, de tão somente oferecer novos conhecimentos, acenar com uma nova proposta pedagógica, mas sim de também apresentar um método compatível com comprovações experimentais. Assim, o docente deve ter atuações favoráveis à formação biopsicoespiritual para que se desenvolva como algo natural, sempre à luz de princípios objetivos e universais como requer o fazer científico, e que se revele equilibrada e harmônica no trato da vida do educando.

Aplicar uma proposta inovadora no dia a dia da escola requer, como dissemos, um corpo docente especializado, pois a educação a ser praticada é, antes de tudo, uma educação que tem por base o exemplo. Ensinar a uma criança um valor ainda não conhecido ou praticado no mundo adulto que a cerca e que pretende educá-la é, certamente, repetir a fórmula que deu origem ao mundo de hoje, com as inquietantes dificuldades de ordem psicológica, moral e espiritual que desafiam a atuação pedagógica em todos os níveis, em todas as sociedades, em todos os povos.

Portanto, ao aplicar os princípios e concepções da nova proposta pedagógica, o docente deve viver antes um processo de aprendizagem e preparo que efetivamente o leve a saber, fazer e ser. Só assim será possível levar aos alunos, de modo a produzir resultados concretos, os conhecimentos básicos sobre a realidade interna do ser humano, tais como os conceitos de mente, inteligência, sensibilidade, pensamento e sentimento, estímulo e vontade, etc.

A experiência que se realiza nos educandários logosóficos tem mostrado que essa realidade interna já pode ser observada, pelo próprio educando, desde os primeiros anos da infância. Daí que se deva insistir, sempre, na necessidade de os docentes começarem pelo começo, se quiserem obter êxito em seu trabalho pedagógico: começar por ensinar a si mesmo o que depois será ensinado aos alunos. Evidentemente, isso exige meios e recursos específicos, a exemplo dos que vêm sendo criados e praticados pelo Sistema Logosófico de Educação.

Nunca é demais lembrar que a mente infantil é terra virgem e fértil, cabendo aos adultos plantar ali sementes da melhor qualidade — sementes retiradas da sementeira própria, isto é, da vida dos docentes. São estas as sementes de um futuro realmente melhor para a humanidade, com manifestação de valores que permitirão viver a vida e enfrentar as lutas em níveis e condições francamente superiores. Nunca, como hoje, ficou tão clara a importância de cuidar seriamente da formação moral e espiritual desde os primeiros anos da infância, lembrando sempre que o futuro de nossos meninos e meninas sempre esteve e sempre estará, antes de tudo, na mente dos adultos, de seus pais e professores.

Os resultados de mais de seis décadas de aplicação da Pedagogia Logosófica na formação da infância e da adolescência vêm evidenciando-se na juventude e na fase adulta de seus alunos e ex-alunos. Não poderia ser de outra forma, quando se quer ir além de uma mera proposição. E o que se quer é a formação de jovens e adultos com marcada disposição para o estudo, para a aprendizagem, capazes de pensar por conta própria, de ser livres na mais ampla acepção da palavra, valorizando a vida com noção clara de sua transcendência, de sua importância para si mesmos e para os demais, conduzindo-a com acerto, equilíbrio e sensatez.