A juventude é uma etapa linda, na qual todos gostaríamos de permanecer para sempre.
É o período da alegria, do entusiasmo, da energia, da vontade sincera de ser útil à humanidade e de realizar algo significativo para ajudar o mundo. É também o despertar de muitas inquietudes que podem determinar um rumo além do simples viver físico e material – mas que, com o passar dos anos, também podem se arrefecer e ser esquecidas, à medida que o jovem assume responsabilidades e segue diferentes direções na vida.
E por ser ainda uma fase de transição para a vida adulta, a natural ausência de conhecimentos e de experiência costuma ser também um fator gerador de insegurança, tristeza e, por vezes, de algum sofrimento.
O temor se faz presente, inibindo seus passos: pelo desconhecido e pelas incertezas que se projetam sobre o próprio futuro; pelo medo de errar e fracassar na construção desse futuro; pelo receio de não encontrar, quando essa é uma aspiração, o par com quem possa seguir pela vida; pelo temor de não ser capaz de construir a realização profissional e a ascensão social que espera alcançar– e tantos outros.
Quando atravessei esta etapa, além desses, havia mais um temor que me rondava e provocava uma forte sensação de desorientação, insegurança e vazio: o de não conseguir dar à minha vida um conteúdo que fosse além do que observava na dos mais velhos que me rodeavam. E me angustiava pensar que, um dia, já com idade avançada, eu pudesse recordar daquela jovem e fazer a triste constatação de que suas indagações haviam ficado para trás, abandonadas e esquecidas como algo sem significado.
E eram muitas as perguntas que me inquietavam: como me livrar das características psicológicas negativas que afetavam minha convivência com os outros? Qual o sentido espiritual da vida, além do que eu conhecia em sua face material? Como dar a ela esse significado? Quem era Deus? Como deveria me relacionar com Ele? Como ter absoluta certeza de que a verdade, o bem e o acerto eram realmente aqueles que eu tomava como tais? Como me assegurar disso, para além da relatividade conhecida dos conceitos?
Estas eram algumas das tantas perguntas sem respostas que me satisfizessem e acalmassem, e que me acompanharam na entrada dos vinte anos, em meio à graduação profissional, enquanto eu desfrutava do cultivo das amizades e da diversão.
Foi quando tomei contato com a Logosofia, que começou por me explicar que a vida, em seu conteúdo espiritual e transcendente, exige conhecimentos específicos – assim como necessitamos de conhecimentos adequados para exercer qualquer profissão com segurança e acerto.
E o primeiro aspecto que me foi apresentado foi o de que eu deveria rever minha vida até aquele momento e, com base nessa nova concepção, formular o propósito do que eu aspirava construir e alcançar.
Compreendi que esta ciência metafísica me daria os elementos para formular minhas próprias respostas. Senti alegria, segurança e orientação, pois sabia que, dali em diante, eu poderia caminhar com rumo – e chegar a algum lugar.
A Logosofia também me apresentou uma explicação para os traços negativos do temperamento: em nossa psicologia existem múltiplos defeitos – deficiências psicológicas que estão por trás de muitos dos erros e equívocos que cometemos na convivência com os semelhantes.
Mas, através de sua metodologia específica, seria possível iniciar um trabalho de debilitamento até a eliminação dessas falhas. Como me senti aliviada e feliz com tal perspectiva! Porque aquilo significava me libertar da condenação, até então traduzida no ditado de que “pau que nasce torto, morre torto”. Não era verdade – e eu poderia, assim, construir um ser melhor.
Recordo da emoção que experimentei, ao me deparar com um novo conceito de Deus, que renovou minhas esperanças de um dia conseguir me conectar a Ele por meio do conhecimento de mim mesma. Isso representou me colocar, gradualmente, mais próxima d’Ele e me libertar do temor, para poder amá-Lo verdadeiramente.
Ainda naquele período inicial de contato, tive a confirmação do que, de certa forma, eu já intuía: era possível construir um conteúdo espiritual para a minha vida.
Essa construção partiria de uma nova concepção do ser humano – como um ser biopsicoespiritual, magistralmente concebido, que concentra em si três realidades e manifestações: um organismo biológico, perfeito em sua concepção, que nos serve como veículo para vivermos neste plano físico; um organismo psicológico, igualmente magistral, composto por três sistemas, com o qual transitamos mental e sensivelmente pela vida; e uma natureza espiritual, que deve cumprir sua finalidade enquanto vivemos, e que nos confere os atributos de ser pensante e sensível – capaz das maiores proezas e realizações, tanto no campo da ciência dos homens quanto na aproximação de níveis ainda não alcançados pela humanidade, no mundo superior que tanto nos atrai.
A partir de então, fui comprovando que é sempre o saber que nos explica, ensina e orienta em todos os ramos do conhecimento. E, quando se trata do saber transcendente, ele nos transforma em seres melhores, mais conscientes, seguros e felizes.
Posso assegurar, pela minha própria experiência, que atravessar a juventude amparada por conhecimentos dessa hierarquia torna real a substituição do temor que havia antes pelo valor – que é, em essência, a valentia de viver.