Durante um tempo considerável, eu tive um conceito equivocado de vida. Tanto na escola quanto no convívio familiar, fui ensinada a olhar para fora, a ver apenas o que os olhos físicos podiam enxergar. Dessa forma, o conceito de vida que formei foi limitado: compreendia tão somente o espaço de tempo entre o nascimento e a morte. E, nesse período, o ser humano passa por diversas fases de desenvolvimento até que seu mecanismo biológico deixa de funcionar e sua vida física termina.
A Ciência Logosófica amplia esse conceito. Para a Logosofia, vida significa movimento, ação, atividade e evolução. Vida é tudo o que o ser experimenta em sua individualidade.
A vida interna está relacionada aos pensamentos, sentimentos e emoções, enquanto a vida externa está vinculada a tudo o que cerca o ser humano no seu cotidiano.
Mas o que significa transcender a vida física? O que ensina o autor da Logosofia a esse respeito? Segundo González Pecotche, o homem possui uma formação que o diferencia de todas as outras espécies: é um ser biopsicoespiritual, e essa condição confere-lhe a prerrogativa de evoluir e tornar-se um verdadeiro servidor da humanidade.
Essa evolução é pautada na consciência e ultrapassa os conhecimentos acadêmicos. Inicia-se no interior do ser e tem como foco o conhecimento de si mesmo, do mundo interno e do mundo transcendente: um mundo que não se vê com os olhos físicos, mas com os olhos do entendimento.
A presença de um espírito individual, que, diferentemente do ser físico, não é perecível, permite ao ser humano construir uma existência através de reiteradas etapas de vida física.
Ao conectar-se com o próprio mundo interno, o ser humano pode desenvolver a habilidade de observar, identificar, selecionar e organizar os pensamentos, de modo que sua conduta seja o reflexo de alguém que, pelo esforço e perseverança, conquistou conhecimentos de hierarquia superior, ampliando assim a vida.
Vencer a ignorância, os preconceitos e as crenças abre espaço para essa transformação.
Para mim, a vida que transcende não é medida pelo número de anos vividos, mas pelo legado permanente de realizações pautadas em uma ética superior de mútuo respeito, que deixo como herança.
Eu confirmo essa transcendência pelo que vivo hoje.
Na criação dos meus filhos, dei o meu melhor e sinto-me feliz em comprovar que as mudanças que conquistei favorecem atuações superiores na educação dos meus netos.
Tenho a convicção de que, ao transcender a minha vida, vou deixando marcas de bem na vida dos demais.