Não é nenhuma novidade afirmar que educar uma criança é uma tarefa complexa. Para alguns, torna-se até bem difícil. Não é raro ouvir de pais e mães relatos de experiências em que aparecem dúvidas, incertezas e, até mesmo, certo grau de desespero. Viver numa sociedade como a nossa, em que o materialismo, a competição e o poder são mais valorizados do que o que as pessoas sentem, pensam e desejam, torna, sem dúvida, a tarefa de educar muito mais desafiadora.

Então, o que podemos fazer diante do mundo em que vivemos e dos filhos que temos ou queremos ter?

Realmente, receita pronta não há. Mas há pistas circulando por aí, com experiências bem sucedidas que todos nós conhecemos ou de que já ouvimos falar. Da mesma forma, com um pouco de boa vontade, sensatez, alegria e conhecimento podemos melhorar significativamente o mundo que nos rodeia.

Para a Pedagogia Logosófica

a mente infantil é suscetível a inclinar-se na direção de qualquer pensamento que a sugestione. Como não sabe nem tem consciência alguma da vida, a criança aceita com facilidade tudo o que lhe é inculcado; daí a enorme responsabilidade dos que têm a seu cargo a tarefa de conduzi-la. E não se deve esquecer que os meninos e jovens de hoje são os homens de amanhã, de modo que não será difícil saber como haverão de ser eles, se é levada em conta a preparação que receberam quando sua reflexão era incipiente. (Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1, p.177)

Entende-se, assim, que os pais das crianças de hoje têm em suas mãos a matéria-prima dos adultos de amanhã. E, quando temos uma matéria-prima, podemos construir algo novo.

Se tivermos o conhecimento adequado e nos propusermos a cultivar os sentimentos que tanto diferem os seres humanos dos demais seres da criação, se aprendermos a pensar, a observar e a atuar com os valores que cada um de nós possui, poderemos propiciar a nós e aos nossos filhos uma vida muito mais feliz.

A Pedagogia Logosófica tem confirmado que o trabalho com os conhecimentos relacionados à vida interna faz muita diferença na educação integral das pessoas nisso empenhadas.

Ensinar às crianças desde cedo sobre a realidade dos seus pensamentos e que estes são responsáveis por todo comportamento humano; ensinar-lhes sobre a sua inteligência e a necessidade de saber usar suas faculdades mentais de forma harmoniosa; ensinar-lhes sobre o porquê da vida, sobre o respeito, o afeto e tantas outras coisas importantes, propicia o surgimento de jovens mais íntegros, mais gratos às oportunidades que aparecem na vida, mais serenos, menos agressivos e mais ativos.

Um caminho para bem educar é o bem aprender; aprender para poder ensinar os verdadeiros conceitos que vão formando o ser em seus aspectos moral, psicológico e espiritual. Conceitos isentos de crendices ou ficção. Conceitos passíveis de serem comprovados pela vivência que de cada um deles se tenha. Conceitos de Deus, homem, vida, da própria herança interna e tantos outros, devem e podem ser ensinados desde bem cedo.

A juventude requer ser orientada, e nada mais lógico do que começar pela infância. Não é preciso ser nenhum engenheiro para saber que alicerces mais profundos e bem feitos suportam pesos e abalos mais fortes. Plantar na infância para colher na juventude — eis aí uma colaboração importante que os pais podem dar na construção de uma juventude mais consciente de sua responsabilidade perante a vida, os semelhantes e o mundo.