Como avaliar, com segurança, a grandeza da sabedoria de um verdadeiro mestre? O que significa para a vida e o destino da humanidade, encontrar e conhecer um mestre cujos conhecimentos conectam o ser humano a si mesmo, aos seus semelhantes e à Sabedoria Universal? Como identificá-lo no mundo das ideias antigas e modernas e de crenças milenares?
Quando criança, perguntei:
─Mamãe, o que é o espírito? ¨
Com os olhos arregalados de espanto, ela disse:
─Menino, de onde você tirou isso?
─Não sei, só queria saber…..
Percorri a infância e adentrei nos jardins floridos e espinhosos da adolescência com essa indagação me fazendo companhia.
Certo dia, vivenciei o falecimento precoce de duas amigas. Um saldo de tristeza me submeteu a outra gigantesca interrogação: qual é mesmo a finalidade da vida? Afinal, viver para quê?
Bati nas portas da juventude com a mochila do entendimento vazia. Nenhuma resposta segura, lógica e convincente sobre o espírito e a finalidade da vida. Apenas especulações e incertezas…
Outra experiência resultou em mais uma pergunta sem resposta. Uma pessoa me questionou: – Por que sou como sou e não como gostaria de ser?
Pela força da repetição em minha mente, as três incógnitas subiram os degraus do amadurecimento psicoespiritual. Primeiro, elas se converteram em indagações atraentes e profundas. Depois, em inquietudes espirituais que me incitavam e desafiavam a encontrar respostas.
No afã de encontrá-las, percorri os caminhos traçados por diversas correntes e sistemas de pensamento, de várias naturezas: religiosa, filosófica, esotérica, científica, etc. Beneficiei-me com a erudição de vários autores, mas confesso que não consegui obter respostas convincentes que me satisfizessem. Sempre faltava algo.
Segui caminhando à procura desse “algo”, ávido por localizá-lo com a lanterna da investigação científica cada vez mais acesa.
Hoje sei que, no fundo, buscava um verdadeiro MESTRE de SABEDORIA, com todas as letras maiúsculas.
As três inquietudes, precursoras do amadurecimento espiritual, continuavam a perturbar minha alma.
“Quem procura acha”, diz o saber popular. A procura não foi em vão. Concluí, na ocasião, que o homem é um ilustre desconhecido de si mesmo. Nasce, vive e morre de costas para si, absorvido pelo vaivém do mundo físico com sua transitoriedade, demandas, distrações, lutas, rotinas, problemas e compromissos de todas as ordens.
Refleti que lhe sobra pouco tempo para as coisas do espírito, que permanece imóvel na vida do ser que anima, tal qual um “convidado de pedra”.
Vi-me perante um grande vazio. A doença do vazio me espreitava, indiferente aos meus esforços para não viver a vida na modalidade “carpe diem”, sustentada apenas pelo transitório, passageiro, fugaz.
- O ano em que tudo mudou. Recebi um livro de Logosofia ─ O Mecanismo da Vida Consciente ─ que me colocou na rota que conduz ao encontro de um verdadeiro Mestre de Sabedoria.
Habituado a ler com rapidez, estudar e refletir sobre o que lia, pensei: vou ler outras obras deste autor! Ele trata de temas e conhecimentos de vital importância para qualquer ser humano que almeja romper o círculo vicioso das preocupações e compromissos comuns e dar conteúdo espiritual à sua vida.
Senti que suas concepções possuíam o poder de nos afastar do plano da indiferença em relação às questões vitais da existência humana: Quem sou? Por que sou como sou?; Viver para quê?; Onde encontrar Deus?
Pensei que finalmente resolveria as inquietudes espirituais que me assombram desde a infância – e não me equivoquei.
Ingressei na Fundação Logosófica, uma verdadeira escola e academia para a evolução do espírito. Assim como a academia para o corpo físico, nela se aprende a praticar uma série de exercícios psicoespirituais que fortalecem a musculatura e as fibras do espírito humano.
Ao percorrer a magistral bibliografia logosófica, encontrei uma vasta e imponente estrutura de conceitos e conhecimentos extraídos da Criação, na qual “está plasmada a vida universal do Criador e os mais variados aspectos da Sabedoria Universal”, como ensina o criador da Logosofia.
Aprendi que “na Natureza nada dá saltos, tudo se realiza mediante processos”. Ao praticar essa pérola da Sabedoria Universal, venho me tornando cada vez mais paciente na gestão de todos os aspectos da minha vida.
Um dia, estava com minha filha de seis anos em um parque ecológico, sob uma frondosa árvore ao lado de um riacho. De repente, ela perguntou:
─ Papai, onde está Deus?
─ Minha filha, Deus está nos processos da Criação. O papai vai lhe explicar. Quem criou esta árvore e este riacho? Deus. Esta árvore já nasceu grande? Não, ela nasceu pequena e foi crescendo aos poucos. Isso se chama processo – um processo de crescimento. O que Deus nos ensina com isso?
Ela ficou em silêncio, mas atenta.
– Deus nos ensina, filhinha, que na natureza nada dá saltos; tudo se realiza mediante processos. Entende?
O ser humano desconhece a si mesmo e, por essa razão, ignora como funciona internamente – e ainda mais como deveria funcionar.
Eu nunca soube que, no meu mundo interno, havia três sistemas organizados: o mental, com duas mentes (inferior e superior), o o sensível e o instintivo.
As concepções logosóficas sobre o conhecimento, organização, funcionamento e superação desses três sistemas são verdadeiros tesouros para quem aspira ampliar a sua estatura mental, sensível, psicológica, ética, moral e espiritual, além de ser mais do que é em todos os campos da convivência e atividade humanas.
Comecei a entender que, sem o conhecimento e a organização desses três sistemas, o homem permanecerá alheio ao conhecimento de si mesmo e aprisionado na orfandade espiritual – ainda que imagine o contrário.
“Sistema sensível? Eu não sabia que existia esse sistema em mim.” – foi a resposta que ouvi ao apresentar a Logosofia como a ciência do afeto e mencionar o sistema sensível e os sentimentos elevados como poderosas forças existenciais.
Os ensinamentos sobre o mecanismo da inteligência – com suas faculdades de pensar, observar, entender, refletir, imaginar, recordar etc. – e da sensibilidade – com suas faculdades de sentir, amar, agradecer, querer – formam uma nova geração de conhecimentos que organizam o espírito e lhe valor real na vida do ser que anima. Abrem a cada indivíduo a chance de refazer sua vida e enriquecê-la com realizações internas de superação individual.
Que conhecimento contribui para mudar positivamente o passado, o presente e o futuro de qualquer ser humano? O conhecimento sobre a gênese, atividade e autonomia dos pensamentos como “entidades psicológicas autônomas que alcançam vida própria dentro da mente”.
A vida sem o conhecimento dos pensamentos é uma espécie de labirinto sem fim que cada um percorre em vão para encontrar a si mesmo. É esse conhecimento que dá início ao caminho do conhecimento de si mesmo, da organização do mundo interno e da compreensão do próprio espírito, seguindo as diretrizes do método logosófico.
Certa vez, quando falei sobre os pensamentos e a Logosofia como ciência experimental para um grupo, um colega de profissão me pediu para compartilhar alguns pensamentos logosóficos que eu praticava no dia a dia. E completou: ─ Não nos mostre o que a gente já conhece.
“Experimentar o que estudo e estudar o que experimento.” Esse conhecimento é valioso para o aproveitamento das experiências diárias e os fins do meu próprio aperfeiçoamento; expliquei, dando alguns exemplos.
“Colocar os problemas dentro da vida e não a vida dentro dos problemas.” A prática desse conhecimento me torna um administrador da minha mente, começando por administrar as preocupações e os problemas.
A colocação inteligente frente aos erros. Procuro fazer deles um princípio de acerto. Como? Retirando de cada erro o elemento que me faltou para vencer, com o propósito de estudá-lo para não cometer erros idênticos no futuro. Em seguida, mostrei vários exemplos para eles.
Qual o conhecimento que sempre faltou em todas as épocas, culturas e civilizações?
Resido em Belo Horizonte. Quase sempre, ao transpor a praça central da capital mineira, Praça Sete, observo as pessoas se movendo em um agitado fluxo e exclamo internamente, pesaroso: ─ Quanto tempo cada um ainda necessitará para conhecer as leis universais, seus mandatos e sábios princípios! ─ Essas leis expressam o Pensamento e a Vontade de Deus. Elas governam tanto a vida humana quanto a cósmica. A Logosofia ensina a guiar nossa vida por meio dos princípios eternos que emanam delas.
Conhecer as leis universais capacita o homem a ir além dos limites do seu destino, escrever sua própria história com consciência, melhorar o conceito de si mesmo diante dos outros e fazer o bem para si, para a família e para a sociedade.
Esses conhecimentos, de importância vital para a educação interna dos homens, só podem ser ensinados por um verdadeiro mestre que contém a sabedoria em si.
De onde ele retirou a essência dessa sabedoria que parte da verdade universal e vai ao indivíduo?
Das profundas observações realizadas tanto nas recônditas sinuosidades do ente humano, como na atividade incessante do Pensamento Universal que alenta a Criação. (Mecanismo da Vida Consciente, p.22)
Seus ensinamentos, irmanados entre si, formam o verbo do espírito, imprescindível à emancipação mental, psicológica, ética, moral e espiritual da humanidade.
Sua sabedoria – que expressa um poder criador, sensato e lógico, presente na ciência universal – dá origem, por um lado, a um novo ser, mais consciente de si, de seus direitos e responsabilidades com a humanidade e com o Criador; por outro, faz nascer uma nova cultura, uma nova civilização formada por seres que pensam e sentem com base em conhecimentos causais ou transcendentes.
Sua vida foi um constante ensinamento traduzido em exemplos eloquentes de tudo o que ensinou.
Um verdadeiro mestre de sabedoria conhece o nome do espírito que anima o seu ser físico. Ele vive e atua seguindo a Verdade e a Sabedoria da Criação; o afeto, poder que gera e une todos os atos da vida humana e universal; e o Bem, que é a essência eterna dos seus ensinamentos e que brilha ontem, hoje e sempre.
*RAUMSOL é o pseudônimo de Carlos Bernardo González Pecotche, o criador da Logosofia.
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