Não fui à academia, não estudei e nem limpei a casa. Trabalhei. Dormi pouco. Reclamei. Trabalhei mais. Estudei. Não acordei tão cedo, mas reclamei um pouco menos. No dia seguinte, acordei cedo, estudei, trabalhei e, finalmente, fui à academia. Não reclamei. Acordei cedinho, animada com o novo dia. Fiz café. Fui à academia. Trabalhei. Limpei algumas coisas. Estudei. Fiz mais café. Estudei mais. Ufa! Checked em todas as tarefas!
“O que deu em você hoje?”, perguntou Malu, minha irmã caçula. Ela estava me observando. Não tinha feito nada extraordinário, mas estava conseguindo me organizar melhor e aproveitar o tempo de um jeitinho diferente. Estava conseguindo fazer mais – e com mais tranquilidade. Ela notou. Fiquei tão satisfeita por ela ter reparado em algo que agora parece tão natural, mas que foi resultado de um processo interno difícil. Eu queria – e ainda quero muito – que ela me admire.
Malu sempre foi muito religiosa. Ela tem demonstrado certa resistência à minha relação com a Logosofia. Ainda não entende o que eu descobri, e eu ainda não descobri como explicar para ela o que estou sentindo ao fazer parte dessa nova forma de entender e conceber a vida. Às vezes, parece que existe um muro entre nós, pelo menos quando o assunto é Logosofia, essa palavrinha mágica. Um muro alto e desafiador.
Como transpor esse muro e dar um abraço apertado na minha Malu? Será que dá para abrir uma “portinha” no meio dele? Como alcançar o outro? Como ser veículo do bem? Será que pensar sobre isso é refletir sobre como contribuir para a construção da nova cultura? O outro importa! Compartilhar o bem recebido, importa! Compartilhar o bem com a humanidade mais próxima de nós importa – e importa muito.
O autor da Logosofia ensina que devemos dar o exemplo. Sinto que ele tem toda razão. De que adianta falar: “levante-se mais cedo”, “largue o celular”, “você precisa ter mais disciplina”, “estude, Malu!”, se eu mesma não for capaz de domar pensamentos pequenos, se não for capaz de realizar? Qual a validade de um discurso que não se sustenta na realidade da vida?
Hoje, pela primeira vez desde que iniciei meus estudos, Malu aceitou um convite para participar de uma atividade na Fundação Logosófica. Fiquei tão feliz! Foi tão grande para mim esse “sim, vou com você!”. Perceber que sou um exemplo para ela movimentou meus pensamentos e me fez querer, ainda mais, ser uma pessoa melhor.
É incrível o que o exemplo pode fazer. Sinto que, para fazer parte dessa nova cultura, preciso ser exemplo em tempo integral, em todos os lugares e em todas as oportunidades. Muitas deficiências precisam ser superadas até lá, mas o conhecimento, assim como o processo individual de evolução consciente, não dá saltos. Vou construir esse novo ser, esse exemplo que já decidi que quero ser!