Tic-tac, tic-tac… O tempo é um mistério que precisamos decifrar? Qual o significado do tempo?
Passa tempo, tic-tac, tic-tac, passa hora, chega logo, tic-tac, e vai-se embora. Para alguém que não conhece relógios analógicos e nem o poema de Vinícius de Morais, o exercício de imaginação demandará maior esforço e não contará com a familiar pitada da recordação. A cadência das palavras nos inocentes versinhos dá corpo e vida ao pulsar de um relógio que, ao marcar o tempo, registra a constância dos momentos que vivemos e dos que vão ficando instantaneamente para trás.
Podemos tomar o tempo como remédio e tratamento, por exemplo, quando, com seu poder curativo, acalma sofrimentos do corpo ou da alma. Pode ter mesmo o efeito de um bálsamo, sanando feridas. Os dias e os anos passam, o tempo passa, mas também passam as dores, e os infortúnios haverão de passar.
Tive a felicidade de conhecer meus avós e uma das bisavós, que viveram longas décadas. Sempre me impressionou pensar em tudo quanto eles tiveram oportunidade de assistir no campo das invenções ao final da vida e que não existia quase um século antes, quando nasceram. Eles foram testemunhas da criação e uso de uma infinidade de “modernidades” como o telefone, o avião e o automóvel, no caso da minha bisavó, nascida antes de 1900.
Estudando Logosofia, porém, pude refletir sobre outro aspecto: o do próprio tempo como testemunha. Isso mesmo, o tempo como testemunha de tudo quanto se deu na Criação, desde o início dos tempos. Pensando assim, fica mais fácil compreender que o tempo dos relógios foi uma criação do homem, com suas divisões de horas, minutos e segundos. Culturas diferentes em épocas diferentes possuíam marcadores diversos.
Como o tempo pode ser entendido como uma lei do universo?
O tempo passa igual para todos, nada o detém, e, quando o perdemos, temos a sensação de que perdemos parte da nossa vida, já que não pode ser recuperada.
Quando olhamos para o passado, o que nos marcou mais é o que nos vem mais facilmente à mente, não é mesmo?
O tempo é um mistério, uma incógnita. Tenho, porém, aprendido que podemos dilatá-lo, vivendo com consciência e intensidade os momentos da vida. Posso adiantar-me a ele, usando o conhecimento que vou adquirindo como uma espécie de atalho. Adiantando-me ao tempo, fazendo com antecedência o que quero fazer, o tempo chega e encontra-me mais tranquila e mais produtiva. Esse é um importante exercício que aprendemos na Logosofia — o da prática de “ser amigo do tempo”. Em contraposição, a vida que se passa na indiferença, deixando-se apenas levar, é como uma vida não vivida e pouco ou nada nos legará. É um tempo perdido! Compreendendo então que “tempo é vida”, o que eu posso fazer para viver a vida com mais consciência, enriquecendo-a para o meu próprio futuro?
Aprenda a aproveitar o tempo, cujo valor é tanto mais estimável quanto mais se compreende sua importância na vida. (Bases para sua conduta, p. 17)