Sempre ouvi dizer que o ser humano era imperfeito, daí eu pensar que a perfeição humana fosse algo que só existiria em sonho e que, se ela existisse, eu não estaria em condições de alcançá-la.

Ao tomar conhecimento, através da Logosofia, de que toda a Criação é regida por leis, percebi, pela minha sensibilidade, que, para poder atingir a minha meta — a perfeição —, eu precisaria realizar meu processo de evolução consciente e chegar ao conhecimento de mim mesmo.

Hoje, com o auxílio do conhecimento logosófico, estou me reeducando para alcançar essa meta, por meio da realização de um processo de aperfeiçoamento da minha vida, sob o amparo da Lei de Evolução. Todos os passos que tenho dado destinam-se, primeiramente, a fazer uma limpeza geral, eliminando tudo aquilo que poderia atentar contra mim. Posso citar, como exemplo, uma irritação provocada pelas ilusões da minha imaginação, que me fazia vacilar e me exigia grandes esforços para que eu não me desvirtuasse do meu objetivo.

Tudo isso era algo que eu ignorava por me faltar um conhecimento superior que fosse consubstancial com os meus pensamentos e sentimentos, com tudo, enfim, o que faz parte do meu mundo interno. O conhecimento logosófico é esse elemento especial que me fazia falta e que hoje preenche essa lacuna.

Meu processo de evolução me dá acesso a uma realidade que eu não conhecia: a de viver uma vida ilimitada, conduzida por conhecimentos transcendentes. Estou, portanto, de posse de uma vida infinita que devo viver inteligentemente para completar a imagem que tenho de um ser humano digno e de fazer parte de todo o criado.

Não é fácil, mas é realizável: podemos promover transformações na nossa vida quando o nosso objetivo é superior, quando nossa meta é o aperfeiçoamento. Nesta obra pessoal, comecei pelas pequenas transformações, que me dão confiança para chegar às maiores, e procuro estar consciente de cada uma delas. Desta forma, estou atendendo a minha vontade e a minha inteligência.

Analisando o meu passado, antes de ter contato com esses conhecimentos superiores e ficar sabendo que teria que realizar um processo evolutivo para me tornar um ser melhor, cheguei à conclusão de que eu poderia ter aproveitado as várias oportunidades que o relacionamento com meus semelhantes me proporcionara, pois teria sido possível identificar, em meu interno, fragmentos de imperfeições que dificultavam a convivência. Reconheço, hoje, essas imperfeições como sendo as deficiências psicológicas classificadas e apresentadas no livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, de González Pecotche

Por exemplo, quando a impaciência — um dos males psicológicos mais comuns hoje em dia — aparece em minha mente, agitando o meu interno ao sugerir perda de tempo por qualquer espera que eu precise realizar, coloco em seu lugar aquele fragmento que falta, a paciência inteligente, que diz que , enquanto espero, devo pensar em como aproveitar o tempo dessa espera. Assim tenho procedido diante de várias outras deficiências.

O caminho que nos leva à perfeição é muito longo, e eu gostaria que minha vida durasse todo o tempo necessário para percorrê-lo, pois ninguém poderá me substituir nesta tarefa. Felizmente, e com muita alegria, estou aprendendo a deixar que meu próprio espírito o percorra.

Destaco o ensinamento abaixo, que muito me estimula a prosseguir na trilha do meu aperfeiçoamento como ser humano pensante e consciente de minhas possibilidades como tal:

Efetivamente, todo o criado é perfeito, assim como é perfeito o arquétipo do ser humano em seus dois aspectos: físico e psicológico. Mas, por uma exceção inquestionavelmente justa, dada a faculdade suprema que encerra e que responde à vontade inexorável de quem o criou, quis Deus que cada ser humano conhecesse por si mesmo qual é sua perfeição.

González Pecotche