Comportamento

Debilidades Humanas: “A Sorte Grande”

maio de 2020 - 3 min de leitura
Comportamento

Debilidades Humanas: “A Sorte Grande”

maio de 2020 - 3 min de leitura

Faz parte da cultura atual o jogo denominado loteria, na qual muitos apostam com o intuito de tirar a “sorte grande”. Porém, será que refletiram sobre o que fariam com essa sorte? Como se fazer merecedor de um prêmio como o que é prometido?

De todos os que compram semanalmente bilhetes de loteria com a ilusão de ganhar um prêmio, pode-se dizer que cem por cento (e aqui nos referimos à gente medíocre, tanto a de escassos recursos como aquela que aparece mais bem vestida moral e fisicamente) só pensam – ou, dizendo melhor, sonham – com o maior deles: “a sorte grande”, como se diz vulgarmente. Essa cobiça, que se mostra sem dissimulação, é vigorosamente estimulada no homem por um único desejo: o de encher-se de luxo, para que parentes, amigos, companheiros de trabalho, vizinhos e todos os que o conhecem sintam inveja, ao vê-lo convertido num grande senhor.

Que satisfação diabólica não sentiria um simples empregado qualquer ao apresentar seu pedido de demissão ao chefe, enquanto lhe diria, reprimindo um tanto a emoção, mesclada com ares de triunfo: “Estou me demitindo porque já não preciso trabalhar; trabalhava só por distração.” Ou o fulano que passasse para amigos e parentes um cartão com seu novo endereço, para que se inteirassem de que ele mora pelo menos num palacete de algum bairro grã-fino. Ternos novos e às dúzias, carros, pompa a mais não poder – já que até o mais caro lhe parece excessivamente barato -, ei-lo então, o novo rico, que antes mandava reformar as roupas velhas e, muitas vezes, almoçava uma humilde xícara de café com leite.

Eis o afã de quase todos os pobres, ou dos que não têm uma situação econômica muito folgada: ser ricos, para encher-se de soberba e insensatez.

Observando uma enorme fila de pessoas que esperavam a vez para comprar um bilhete da loteria de Natal, que ali era vendido a preço de custo, refletimos:

Será que toda essa gente já pensou seriamente no que faria se a sorte fosse sua? Seguramente, não, pois, para aliviar sua situação econômica e, ainda, para melhorá-la notavelmente, o homem não necessita tirar “a sorte grande” e, não necessitando de tal coisa, deveria contentar-se com bilhetes que custam muito menos e cujos prêmios não são nada desprezíveis.

É que, para possuir de golpe grandes somas de dinheiro, é necessário ter suficiente ilustração para poder administrá-las. Quem nunca administrou dinheiro em abundância facilmente o malgasta, e muitos são os que devem, após desfrutar a “grandeza”, retornar à pobreza maldizendo sua sorte.

Para que se pede a Deus, por exemplo, que conceda a graça de tirar
“a sorte grande”, se isso só vai servir para se perder nas tentações e na libertinagem? Deve ser por isto que muito raramente Deus põe o prêmio maior nas mãos do néscio. Geralmente, esse prêmio sai repartido entre muitos e, quando sai inteiro, é um endinheirado que o leva, pois sabe como administrá-lo.

Se o pobre fosse mais sensato ao jogar na loteria e pensasse no futuro e bem-estar de sua família, na ajuda sem jactância que poderia dar ao próximo, com toda a segurança as bolinhas de sua sorte sairiam em lugar das que saem para decepcionar. Porém, uma das grandes debilidades humanas que mais custa ao homem eliminar é a vaidade. Ser tudo sem fazer nada, e ter muito para fazer menos ainda, eis a fórmula ideal da típica tendência humana.

Extraído de Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1, p.41


Um pensamento de

 Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.

Você também pode gostar

Comportamento

Quem sofre as consequências das minhas ações irrefletidas?

Uma reação impulsiva gera reflexos nas pessoas ao redor e deturpa a intenção de fala.

3 min
Comportamento

Palestra: A Arte da Convivência

Na palestra “A arte da convivência”, os estudantes de Logosofia Andrea Cristina Pereira e José Claudio Sant'Anna partem deste conceito para tratar o assunto e dividir conosco seus conhecimentos ...

1 min
Comportamento

Palestra: Educação de Filhos – Conhecimentos Essenciais

Nesta apresentação, Edson Tadeu mostra como os pais podem se capacitar para educar os filhos com mais acerto, avançando no conhecimento de si mesmos. Ele descreve alguns elementos que a Pedagogia L...