Recém casada, chegando em casa cansada do trabalho, sentei-me ao lado do meu marido e, enquanto conversávamos, ele pediu que buscasse um copo d’água. Aquilo foi como se um caminhão derramasse um tanque de areia em cima de mim; sufocada com uma vontade enorme de negar, levantei-me contrariada e trouxe a água para meu esposo que me agradeceu com muito carinho e naturalidade.

Senti influências cruzadas dentro de mim. Episódios como esse se repetiam muitas vezes e as sensações também, até que um dia, pude observar que após buscar mais um copo de água muito contrariada e, entregá-lo ao meu marido, retribui com um sorriso.

Relatando ao meu pai essa experiência e outras semelhantes, ele me disse: “Filha, o homem gosta muito da atenção e dos cuidados da mulher”.

Aquelas palavras penetraram profundamente em meu coração, porém, em poucos segundos, foram ocultadas pelos pensamentos que já possuía sobre a mulher preconizados e infundidos ao longo da minha vida.

O caminho já parecia estar traçado pela cultura, ideologias e mitos em torno do assunto mulher. No entanto, alguma coisa me inquietava. Intuía que havia outros caminhos dessa natureza feminina que pugna por se manifestar.

Em meio a essas dúvidas, encontrei uma ciência que ensina uma nova forma de sentir e conceber a vida. Muito interessada iniciei os estudos, descobrindo que para ampliar a vida é preciso formar e cultivar verdadeiros conceitos. Comecei a investigar, então, qual era o verdadeiro conceito de mulher, qual era o papel da mulher na família e na sociedade, qual teria sido a vontade de Deus ao criar a mulher, e qual seria a sua missão? Vivia em um conflito interno. Os pensamentos determinavam um formato de mulher e os sentimentos apontavam para outro.

Durante uma de minhas atividades profissionais, descendo a escada em direção a um portão fechado, juntamente com várias mulheres e alguns homens, observei que uma delas ia em direção ao portão para abri-lo. No entanto, ao perceber que um dos homens já ia fazê-lo, discretamente ela recuou, permitindo que ele atuasse com gentileza e cavalheirismo abrindo o portão para todos. Assistindo a tudo, fiquei tocada pela atitude daquela mulher e, sem perder oportunidade perguntei: Por que você não abriu o portão? Ela então respondeu: “Sinto-me feliz em permitir ao homem atuar com gentileza e cavalheirismo porque sei que se sentem bem com isto.”

A partir daquele momento senti brotar internamente um enorme anelo de construir o conceito de uma nova mulher, conceito que não pode ser ou estar separado dos demais conceitos que venho aprendendo; tudo convergindo para o universal e o atemporal de um par humano.

Depois deste dia, passei a praticar aquele grande aprendizado, lutando contra minha personalidade, que era formada pelos (pré) conceitos trazidos desde a infância. Aplicando na vida os conhecimentos que vinha aprendendo na nova ciência, observava meu coração vibrando de alegria nas pequenas atitudes que conseguia praticar, valorizando o homem como um grande colaborador.

Certo dia, precisando carregar uma caixa cheia de livros, encontrei pelo caminho um homem que se ofereceu para carregá-la. Imediatamente percebi o velho pensamento sugerindo que agradecesse, dizendo-lhe que não era necessário. Mas, ainda em tempo, percebi também o novo pensamento dizendo para dar a oportunidade ao homem de praticar o que ele gostaria de fazer. Feliz por ter vivido aquela corriqueira situação de forma tranquila, hoje posso dizer que sou capaz de construir a mulher que quero ser, com liberdade de pensar, baseando nos conhecimentos adquiridos para ir descobrindo o verdadeiro papel da mulher na família, na sociedade e no mundo.

Venho formando minha felicidade por meio de uma simples compreensão: sou responsável pela minha vida e que essa vida que Deus me ofereceu, de forma generosa, é para que eu aprenda a conduzi-la me superando a cada dia, principalmente, na minha formação como ser humano.