Nos últimos meses, você já planejou ou de fato realizou a renovação de um ambiente da sua casa?
Seja pintar uma parede, mudar uma mesa de lugar, trocar um móvel que já estava mais velho, comprar uma cadeira gamer, adicionar algumas plantas ou redecorar o seu quarto… Essa necessidade de mudança ocorreu com você ou com seus amigos?
Eu fiz boa parte dessas coisas e comecei recentemente a refletir sobre como a relação com a minha casa mudou desde que comecei a trabalhar em home office (mas já aviso que este não é um texto sobre trabalho remoto). Ao estar mais horas em casa, pensei em como fui conseguindo observar aspectos que poderiam ser melhorados para que eu realmente conseguisse conferir a ela uma “cara” de lar.
É interessante como, antes desse contato mais intenso, algumas partes da minha casa pareciam inexistentes e despercebidas por mim e pelos demais. Havia áreas que não eram usadas há muitos anos, jardins sem cuidado, pinturas descascando.
Percebi também que, se não cuido ou ocupo esses ambientes, outras coisas os ocuparão: ervas daninhas, teias de aranha, sujeira e um visual de descuido pouco agradável. Por isso, antes de estabelecer um novo design e trazer as novas peças, foi preciso retirar o que era velho ou o que não se deveria manter ali.
Além de fazer essas pequenas renovações nos ambientes e ver o quanto melhoraram, ampliando as possibilidades de uso, fui aprendendo a valorizá-los também, sentindo-me grata por ter à disposição esses ambientes e por possuir a liberdade de os deixar como gostaria, criando de fato minha casa dos sonhos.
O que mudou, de fato, quando fiquei mais tempo em casa? Estar nela fez com que despertasse em mim a vontade de a melhorar?
Bem, entendo que o primeiro passo foi ressignificar o que é casa para mim. Deixou de ser um lugar onde dormia e comia, para ser o espaço onde trabalho, estudo, divirto-me, passo o tempo com pessoas queridas, descanso, faço exercícios, e muito mais.
Com esse novo conceito, mudei a forma como vivia e o resultado deixou-me bem mais satisfeita. Observando outros aspectos e experiências, percebi que isso já ocorreu muitas vezes. Por exemplo, algo análogo acontece com a vida em si.
Se sou capaz de transformar meu conceito de vida e outros conceitos básicos relacionados a ela, consigo mudá-la e ampliar as minhas possibilidades.
Com auxílio dos conhecimentos logosóficos, tenho compreendido a vida como uma oportunidade de conhecer minha psicologia, de me aperfeiçoar e servir aos demais.
Deixei de “dormir” para de fato existir conscientemente, usufruindo das tantas oportunidades que a vida me oferece para que possa evoluir e tornar-me um ser melhor.
Analogamente, assim como a casa, dei um outro sentido à minha vida. Dessa maneira, foi possível estar mais em contato comigo mesma e adentrar realmente em meu mundo interno. Foi então que descobri que havia ali um espaço gigantesco a ser explorado, cheio de potencialidades, faculdades mentais, valores, pensamentos, sentimentos e outras coisas mais.
Tudo isso foi muito estimulante, no entanto, meu mundo mental estava bem distante do seu ideal — da “casa dos sonhos”. Por ter permanecido tanto tempo longe e sem a percepção de que aquele ambiente interno existia, encontrei uma verdadeira bagunça!
Havia tantos pensamentos divergentes, confusos e descontrolados, como verdadeiras ervas daninhas ou entulhos, que era difícil ver outras coisas. Esse estado mental de bagunça e descuido, em que qualquer pensamento pode entrar e tomar conta, independentemente da minha vontade, era cansativo e desagradável, além de me causar uma série de inconvenientes.
Por exemplo, criava o pensamento de fazer mais atividades físicas, mas o deixava em qualquer lugar, sem proteção contra as variações do meu temperamento, pensamentos de preguiça, de deixar para depois. No fim, em menos de um dia, esse pensamento morria por não ser forte o suficiente para superar os outros e por não ter recebido os cuidados necessários para que pudesse perseverar.
Como é possível concluir, esse é um projeto gigantesco, pois diz respeito à edificação da nossa própria vida. Por isso, requer tempo, constância, planejamento e conhecimentos que auxiliem na criação de novas perspectivas.
Apesar de todo o esforço e a necessidade de superação dos desafios comuns a toda obra, a felicidade de se ter construído uma casa de base sólida, agradável e serena é algo que gera muita gratidão.
E você? Já pensou em renovar a sua casa?
Larissa Lacerda 
Maria Helena Veroneze 
Ana Clara Bonin 
José Márcio Corrêa 
