Respire, inspire, conte até três e esvazie a sua mente. 

Em alguns momentos, parece que temos tantos pensamentos que a nossa mente se assemelha a um verdadeiro turbilhão. É como se houvesse diferentes vozes dizendo o que devo fazer, o que tenho de arrumar, a tarefa que esqueci, que devo fazer um carinho no meu cachorro fofo, preparar o jantar, ligar para o meu irmão, encher o tanque do carro, trabalhar, cuidar do meu relacionamento. 

Nessas situações, sinto que a quantidade de elementos desordenados povoando minha mente têm até um peso físico, e digo mais: causam dor de cabeça! E não só isso, causam também cansaço, ansiedade e uma sensação de falta de controle muito incômoda. 

Mais de uma vez observei essa situação acontecer comigo. Participava de uma reunião, mas estava pensando em uma série de outras coisas. Precisava dormir, mas passava a noite em claro pensando em coisas aleatórias. Conversava com alguém, mas não estava de fato presente, pois meus pensamentos me levavam, de segundo a segundo, a um lugar diferente. 

— Larissa, você lembrou-se de dar comida para os animais? 

— Conseguiu fazer o trabalho que era para hoje? 

— Onde você colocou a chave da casa? 

Para todas essas perguntas havia resposta: não sei, não lembro, esqueci … 

Isso acontecia porque tinha tanta coisa na mente que não ouvia as pessoas, nem observava o que estava fazendo. 

Certa vez, quando senti o desconforto do esquecimento e do pensar em tudo e nada ao mesmo tempo, alguém me disse para fazer esse exercício de respiração que mencionei, e não pensar em mais nada. 

A respiração ajudava a aliviar o mal-estar físico, no entanto, não pensar em nada, parecia-me um tanto impossível — e, até mesmo, pouco natural.  Será que o problema realmente estava no pensar? Ou era eu que não sabia utilizar bem essa minha capacidade? 

Pensar é um ato criador, que nos possibilita dar origem a pensamentos, ideias, iniciativas, e usar as palavras para comunicar, expressar sentimentos. É uma grande prerrogativa humana. 

E por que, apesar de tudo isso, pensar se tornava um peso e motivo de ansiedade para mim? 

Com os estudos de Logosofia, fui compreendendo que existem na mente pensamentos que podem ter sido criados pela minha faculdade de pensar ou os que se movimentam de mente para mente com certa liberdade. 

Observei que, na maioria das vezes, pensamentos externos entravam na minha mente e tomavam controle. Se estava conversando com alguém e via outra pessoa mexendo no celular, tinha o reflexo de pegar meu celular. Assim, o pensamento de usar o celular, criado por outra pessoa, vinha parar na minha mente. 

Logo percebi que grande parte dessa desordem interna era proveniente de pensamentos externos que eu permitia que entrassem e fizessem a bagunça que quisessem. 

Imagine como é difícil ter foco em algo, quando somos sugestionados o tempo inteiro a pensar e fazer coisas que são alheias àquilo que nos propusemos. 

Identificar esses pensamentos e saber criar defesas mentais, para evitar a entrada dos inoportunos, é um verdadeiro desafio. Melhor dizendo, trata-se de um processo de observação interna constante. Para realizar isso, tem sido necessário conhecer sobre mim mesma, sobre o funcionamento da minha mente e os recursos que tenho à minha disposição. 

Tenho praticado esse processo seguindo o método logosófico, e posso dizer que minha mente já não é a mesma de antigamente: ela funciona melhor e de forma mais organizada. 

Aprendi que não preciso deixar de pensar para serenar minha mente, e sim pensar melhor.