Sempre que presenciava a típica cena de uma criança que não queria compartilhar o brinquedo, pensava: “Se não aprender a compartilhar, vai se tornar um adulto egoísta.” Por isso, eu insistia com meus filhos para que aprendessem a dividir.
Recordei, certa vez, da minha infância, quando uma amiga da rua emprestava a bicicleta para que todos pudessem dar uma voltinha. Esse gesto simples me marcou como um exemplo de desprendimento e ficou guardado no coração como uma referência de amizade.
A Logosofia ensina que o egoísmo é uma deficiência psicológica do ser humano relacionada ao instinto primitivo de conservação. Nos primórdios da humanidade, quando a sobrevivência exigia defesa constante, o instinto predominava; com o passar do tempo e as progressivas mudanças, foi-se transformando em tendência egoísta. Reconhecer essa herança não significa aceitá-la, mas tratá-la como uma deficiência moral a ser superada no caminho da evolução consciente.
O egoísmo, ao buscar apenas o próprio prazer e proveito, endurece o coração e atenta contra os sentimentos mais nobres. Alimenta uma mesquinhez que nunca se sacia e acaba corroendo laços fundamentais, como o da amizade. O alerta é que, ao negar o bem aos demais, o egoísmo acaba limitando aquele em quem se manifesta: é o próprio ser egoísta quem se empobrece ao querer para si o que não deseja que outros tenham.
Quantas vezes o ser humano tenta transformar o verdadeiro bem — que é universal — em propriedade privada, como se pudesse criar um “direito” exclusivo? Esquece, no entanto, que existe também o dever de gratidão, capaz de enobrecer o espírito, tornando-o abnegado e equânime. Muitas vezes, não considera o altruísmo, expressão de generosidade que amplia a vida, faz florescer a compreensão e a felicidade, e busca o bem pelo próprio bem, desejando que outros também desfrutem de seus frutos.
A Logosofia ensina que todo gesto generoso, toda oferta de ajuda — mesmo nas ações mais simples — cultiva simpatia e desperta reações de amizade e sinceridade.
Por isso, compreendo hoje que, cada vez que deixo de compartilhar um bem, perco uma oportunidade de troca e de crescimento pessoal. O egoísmo não apenas retarda minha própria evolução, como também empobrece os vínculos que fortalecem a convivência. Superá-lo é um passo indispensável para evoluir, sustentar amizades verdadeiras e cultivar a gratidão e o altruísmo. Pois o bem, quando compartilhado, não se perde; transforma-se em uma fonte mútua de aprendizado.