Autoconhecimento

Por que meus amigos “esqueceram” de mim?

setembro de 2025 - 3 min de leitura
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Por que meus amigos “esqueceram” de mim?

setembro de 2025 - 3 min de leitura

A época escolar é uma oportunidade única para formarmos muitas amizades e mantê-las por muitos anos. Ao final do ensino médio, sabia que o contato com meus amigos se tornaria menos frequente, mas não me preocupei, pois tinha uma postura mais passiva em relação às amizades.  

Sempre tive amigos e relacionava-me com todos os grupos da turma; no entanto, raramente me encontrava com eles fora da escola. Tinha muitas amizades, mas não era eu quem iniciava as conversas ou enviava mensagens. Essa postura passiva era uma característica minha: eu pensava que os outros deveriam ligar ou enviar mensagens, não eu. Ao pensar dessa forma, eu não tomava uma postura ativa, não era comunicativo e não desenvolvia fortes vínculos com as pessoas.   

Recentemente, comecei a sentir falta dos amigos da época de infância, das conversas que tínhamos, das afinidades, entre outras coisas. Percebi que, quando era chamado para confraternizações, aquele era o único momento em que conversava com essas pessoas, e o assunto sempre era muito superficial, como: “E a faculdade?”, “’Tá treinando?”, “Você sumiu, hem?”. Diante de perguntas assim, às vezes eu pensava: “Mas o fulano é que sumiu, não me chama para nenhuma festa, nunca me envia mensagens.” Esse raciocínio colocava-me em uma posição de inatividade em um campo da vida que eu devo cuidar: o das amizades.  

Recordei de uma frase do criador da Logosofia, escrita para seu filho, sobre a amizade. Ele ensina que deve ser de meu interesse cultivar o convívio com meus amigos, mas para isso é necessário ter muita boa vontade.  Se meus amigos eram importantes para mim e eu tinha saudade deles, por que não mantinha contato com eles?  

Percebi que, apesar de já ter esforçado-me muito no combate à timidez, ela ainda se manifestava em alguns momentos. Junto a ela, vinham pensamentos como indiferença e até mesmo soberba. Esses pensamentos retraíam minha vontade e eu perdia oportunidades de fortalecer minhas amizades e criar novas conexões. Em eventos sociais, por exemplo, eu não puxava assunto com ninguém, demonstrava pouco interesse pelo que os outros falavam e raramente fazia perguntas para animar a conversa. Observei um amigo que tinha características opostas às minhas. Ele era sempre muito participativo nas conversas, demonstrava um interesse genuíno e cativante com seu olhar, ria das brincadeiras e criava um clima leve em nossos bate-papos.  

A partir dessa observação, decidi colocar em prática pensamentos opostos aos que me paralisavam. Busquei interessar-me mais por aquilo que os outros tinham a dizer e, se o assunto não me atraía, fazia perguntas para direcionar a conversa para temas do gosto de todos os envolvidos.  

Com meus amigos, esforcei-me para recordar das conversas anteriores, evitando repetir perguntas e, ao mesmo tempo, valorizando os pontos trazidos e dando continuidade ao diálogo. Lembro-me de vários momentos em que essa atenção ativa às conversas permitiu estabelecer conexões mais profundas com as pessoas. Ao recordar experiências ou desafios que elas estavam enfrentando, eu demonstrava real interesse por sua vida. Isso tem sido fundamental para fortalecer meus vínculos com os amigos. Sinto que estou acompanhando sua jornada, compartilhando suas lutas e seus aprendizados.  

Além dos esforços realizados com amigos próximos, recentemente realizei o exercício de reatar contato com um amigo que havia se mudado para longe e com quem não conversava há muito tempo. Novamente recordei da frase que me inspirou e, com boa vontade, enviei uma breve mensagem perguntando sobre seu dia a dia, estudos e outros assuntos. Dois dias depois, tive a oportunidade de conversar com ele por meia hora. Trocamos mensagens e áudios, recordamos momentos vividos, atualizamos informações sobre nossas vidas e até discutimos nossos planos. Após essa experiência, senti uma grande satisfação pelo esforço que fiz para superar aqueles pensamentos e reforçar o vínculo com meu amigo. 

Essa experiência foi o primeiro passo após minhas reflexões e agora é importante aproveitar as energias obtidas e não deixar que os pensamentos negativos voltem a paralisar-me. O esforço deve ser contínuo para transformar essa atitude em um hábito e mudar um cenário que antes me causava desconforto.    

Tags: Amizade,

Um pensamento de

 Túlio Moreira Torres
Estudante de Educação Física. Estuda Logosofia desde 2023

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