Comportamento

Os sentimentos enobrecem o ser humano

outubro de 2025 - 4 min de leitura
Comportamento

Os sentimentos enobrecem o ser humano

outubro de 2025 - 4 min de leitura

É impressionante como certos fatos do passado permanecem na recordação, semelhantes a estrelas que cintilam no céu de nossa vida. De tempos em tempos, elas brilham de modo especial, atraindo nossa atenção e convidando-nos a  novas reflexões. Essa realidade revela que, em seu conteúdo, se concentra um grande segredo a ser descoberto, capaz de ampliar ainda mais o significado do que se viveu.

Constato que recordar esses fatos do passado faz vibrar as cordas sensíveis do coração, trazendo íntima alegria e desvendando novos panoramas.

Nem sempre foi assim para mim. Houve uma fase da minha vida em que eu fazia questão de esquecer o vivido,  porque não trazia motivos de felicidade ou me conduzia a um vazio impenetrável, mergulhando-me em um nevoeiro confuso e sem sentido. 

E o que mudou então para que os fatos vividos ganhassem especial atenção? O que promoveu tal mudança? O que tem me levado hoje a experimentar o prazer de recordar os fatos vividos e a me empenhar em mantê-los sempre presentes? Tudo se transformou quando encontrei a Logosofia. Esta ciência descortinou para mim um novo horizonte, ao revelar a existência de um mundo que se expande dentro de meu próprio ser: o mundo interno! E mais: ofereceu-me ferramentas preciosas para nele trabalhar, lapidando o meu próprio ser.

Nesse mundo interno, a Logosofia me apresentou não somente as maravilhosas possibilidades humanas presentes nas faculdades mentais que formam a inteligência, mas também – e especialmente – nas faculdades sensíveis que constituem a sensibilidade. Ao usar essas faculdades, destacando aqui a de recordar e a de sentir, o passado ganha novas cores e dimensões, tornando o presente e o futuro ainda mais valiosos. 

E é assim que, cada vez que me volto ao ontem, descubro coisas novas, exercitando-me em revisões contínuas e extraindo o néctar do saber concentrado no viver.

Acalentada por essas reflexões que aqui expresso, volto ao passado e me situo em um desses ternos momentos. Eu estava na minha sala de trabalho, no Colégio Logosófico de Brasília. Alguns alunos aguardavam na fila pelo momento de se inscrever no concurso de poesia promovido nas turmas do Ensino Fundamental. Dois meninos, de cerca de oito anos, eram os primeiros da fila. Enquanto esperavam, brigavam entre si, causando tumulto entre os demais alunos que também aguardavam a vez de se inscrever.

Olhei para eles e perguntei:

– Por que estão brigando?

– Não estamos brigando, dona Maria Helena! Estamos brincando de brigar.

Como era possível isso, pensei : tornar a briga uma brincadeira!

Olhei para eles e perguntei:

– Vocês sabem o que estou pensando, vendo vocês assim?

Um dos meninos me respondeu prontamente:

– Sei! Vai dizer que essa brincadeira não é boa e vai nos mandar para o final da fila!

Olhei para eles com ternura e falei:

– Não! Ao ver vocês juntos, estou lembrando do primeiro dia em que Paulo chegou à escola, ainda bem pequenino. Desde então, Sérgio o recebeu com um abraço muito afetuoso! E, desde  aquele dia, tornaram-se grandes amigos. Estavam sempre juntos nas brincadeiras, nos estudos, nas atividades, um ajudando o outro! Era muito bonito!

Eu recordava esse momento da chegada desses aluninhos à escola, e ao trazer à mente a cena que descrevo aqui, me emocionei. Continuei:

– Em todos os momentos, um sempre foi atencioso com o outro, sempre amigos!

Os dois meninos pararam a “brincadeira” e se abraçaram, também comovidos com essa recordação, que refletia a realidade presente entre eles.

Naquele momento, estávamos tomados por uma forte emoção.  A amizade era, de fato, uma presença inquestionável na vida daquelas duas crianças.

Hoje recordo essa cena e me comovo uma vez mais. Essa recordação me convida a refletir sobre o sentimento de imponderável valor que é a amizade e a ter presente as palavras de González Pecotche, ao ensinar que “é pelo signo da amizade que se unem os homens, os povos e as raças, e é sob seus auspícios que há de haver paz na terra”!

Ao recordar esse simples episódio de minha vida e trazê-lo para o presente, reflito mais uma vez sobre a grandiosidade dos sentimentos, capazes de enobrecer e elevar as relações humanas em quaisquer níveis, contribuindo para a formação de uma humanidade mais unida e feliz!

Ainda ao recordar esse simples episódio, sinto aflorar a gratidão, um sentimento grandioso, pelas realizações que venho alcançando com o estudo logosófico,que me possibilita revisitar o passado, incorporando a ele novas porções de felicidade!


Um pensamento de

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