O imaginário popular está repleto de figuras que atribuem a forças invisíveis a responsabilidade sobre atos que realizamos na nossa vida, algumas vezes positivos, outras, negativos. Quando essas influências são negativas, de forma geral, resta-nos reunir nossos recursos internos ou externos, quando os possuímos, para lidar com as inevitáveis e amargas consequências que podem trazer grande prejuízo para a vida. O fato é que, independentemente da natureza de tal força, a maior parte de nós só desperta para a realidade dessas influências depois que elas já se manifestaram — mas será possível se antecipar a elas? Este fenômeno que vivencio na minha própria realidade sempre me chamou muito a atenção, suscitando questionamentos de como eu poderia evitar os atos de efeitos negativos e potencializar os positivos.
Quando tomei contato com a Logosofia, um dos conceitos que mais atraiu minha atenção foi sobre os pensamentos, que o autor apresenta como entidades psicológicas autônomas que podem ser próprios ou alheios, bons ou ruins, atuando independentemente da nossa vontade, podendo reproduzir-se, ganhar vida própria e sendo tão palpáveis pelas mãos do entendimento como um objeto físico é palpável pelas mãos físicas.
Ao aprofundar o estudo desse conceito, compreendi que os pensamentos são os agentes causais do comportamento humano e que, apesar de invisíveis aos sentidos físicos, são absolutamente reais e comprováveis por qualquer pessoa que volte sua atenção para o seu mundo interno. Esses agentes invisíveis, quando de natureza negativa, não raro nos levam a comportamentos que nos fazem amargar o arrependimento por um ato equivocado; a Sabedoria Logosófica, entretanto, ensina como podemos nos antecipar a eles de modo a ter uma melhor atuação no mundo e construir uma vida mais plena e feliz.
De posse de tão original conceito, reconheci que o autor da Logosofia colocava em minhas mãos recursos para que eu começasse a realizar uma viagem para dentro de mim mesmo, para que pudesse conhecer-me para além da obviedade da vida material, ensinando o que há séculos se buscou realizar através do “conhecimento de si mesmo”, como pretendia o filósofo grego Sócrates. Comecei a aprender a identificar esses agentes causais, classificá-los conforme a função específica que exerciam na minha mente, selecioná-los conforme o seu nível de contribuição e eliminar aqueles que não contribuem para a minha felicidade e, por consequência, a dos seres com quem compartilho a minha vida.
Um significativo resultado que esses novos conhecimentos produziram em mim foi de afastar toda a imaginação e todo o engano sobre a responsabilidade dos meus próprios atos e dos efeitos causados na minha sensibilidade, sejam bons ou ruins — algo que antes buscava atribuir a causas externas, às vezes quiméricas, tirando de mim a responsabilidade que me cabia em cada atuação. Compreendi que, por ser dono da minha casa mental — imagem que o autor apresenta para se referir à mente —, deveria estabelecer uma fiscalização rigorosa dos pensamentos que ali se manifestassem, construindo defesas contra os inúmeros pensamentos negativos que circulam no mundo, e só permitir adentrar no recinto mental aquelas entidades psicológicas que fossem legitimadas pela minha consciência e tivessem o bem por finalidade. Foi um verdadeiro divisor de águas na minha vida.
Este é um exercício constante a que me dedico e que estou longe de dominar por completo, mas que, com o esforço dedicado ao pequeno trecho que avancei no processo de evolução consciente, trouxe grande benefício para a minha vida física, moral e espiritual. É de inestimável valor conhecer as causas invisíveis que me induzem a comportar-me dessa ou daquela maneira. Diria até que, mais do que isso, sinto grande felicidade por constatar que eu posso transformar-me, na proporção em que vou logrando êxito na transformação dos pensamentos que me acompanham. Conforme a luz da consciência ilumina minha casa mental e seleciono os seus frequentadores, sinto que me torno um ser humano melhor e mais útil aos meus semelhantes.