Estabeleci o propósito de ficar mais atenta ao meu interno e de sempre buscar os melhores pensamentos, de forma a ajudá-la e me auxiliar nesse processo difícil, cujo fim seria a morte.
Em muitos momentos, li para ela ensinamentos da Logosofia que eu entendia que ajudariam o seu espírito, essa partícula divina e eterna que todos carregamos dentro de nós.
Recordo que, quando chegava à casa de minha mãe, eu brincava que “chegou a alegria” e ela sempre ria. Nesses momentos, podíamos rir juntas, mesmo que as circunstâncias não fossem fáceis.
O Criador da Logosofia ensina que a alegria é uma expressão mística
quando é sã e respira o aroma das coisas gratas, pois é uma manifestação terna do sentir. p.114
Esse ensinamento era um dos que eu procurava praticar ao estar com minha mãe.
Também busquei estimular em minha mãe muitos movimentos de recordação da trajetória de sua vida.
Ao compartilhar momentos vividos, ela revivia os fatos e reencontrava dentro de si pensamentos, sentimentos e sensações que haviam sido vividos. E, ao ouvi-la, eu podia reviver aqueles momentos com ela, conhecê-la melhor e fortalecer nosso vínculo.
Quando minha mãe já estava muito debilitada, próxima ao seu falecimento, sugeri que recordasse todos os momentos felizes de sua vida. Foi uma forma de transmitir a ela um pouco sobre a consciência da vida e de me conectar espiritualmente de forma mais profunda com um ser amado que partia.
A recordação tem um poder sensível na vida, pois ela resgata pensamentos, sentimentos e sensações do que se viveu. Entendo que nesses momentos podemos extrair elementos valiosos que se vinculam permanentemente à nossa vida e passar a compreender aspectos que, até então, nos eram desconhecidos.
Fazendo esses movimentos de forma consciente percebi, que, quando atuo assim, os sentimentos que cultivo ganham outro valor. É como se tivessem um brilho, uma luz diferente. Nesse sentido, mesmo em meio à tristeza, encontrei uma certa alegria consoladora, já que aquelas recordações continham a vida do ser e não a sua morte física.
O físico é circunstancial, enquanto a essência daquele ser – seus feitos, conquistas, pensamentos e sentimentos – é permanente e pode se estender pela vida dos demais, como ensina o criador da Logosofia.
É como se esses momentos vividos com mais consciência se consubstanciassem com o espírito, adquirindo um valor que transcende o tempo e deixa uma marca profunda.
Portanto, como ensina o criador da Logosofia, sem consciência não há nada: não há sofrimento nem felicidade. Sem consciência, a vida perde seu valor permanente e os fatos vividos se tornam circunstanciais, sem importância para a vida e a evolução.