Autoconhecimento

O que devora o meu tempo?

março de 2025 - 4 min de leitura
Autoconhecimento

O que devora o meu tempo?

março de 2025 - 4 min de leitura

Já se viu tentando encontrar a si mesmo no dia a dia sem tempo para desfrutar de todo esforço despendido pra sustentar o equilíbrio mínimo da subsistência? A chegada de consciência de uma jovem que foi cumprindo as etapas da vida apenas querendo ser feliz.

Meu objetivo de vida, como o de muitas pessoas, se resumia em ser feliz. Para alcançar isso, dedicava-me a observar no meu cotidiano os momentos eu que me sentia feliz e satisfeita, com o intuito de conseguir repeti-los com mais frequência. A questão é que, para alcançar esse objetivo, não basta apenas querer. Diversos problemas surgem e ocupam nossa mente, e ainda sofremos com a falta de tempo. 

Já que uma parte de nossas vidas deve ser voltada às obrigações cotidianas, considero natural decidir fazer um bom uso do tempo que temos ao nosso dispor.  

Mas o que seria fazer um bom proveito desse tempo?  

Muitos diriam que é vivendo intensamente nossa juventude, no estilo carpe diem; outros acreditam que é indo ao cinema e lendo um bom livro, além daqueles que entendem que o melhor é cuidar da casa e da família, juntar dinheiro ou passar tempo com os amigos. 

O tempo se torna um problema quando ele não é usado com inteligência. Vivi diversas vezes momentos em que me comprometi com eventos sociais, mas, perto da hora de sair, desejava realizar outras atividades ou simplesmente ficar em casa. Percebia que meu tempo, muitas vezes, era destinado a encontros que me tiravam energia ou pareciam não acrescentar conteúdo à minha vida. Além disso, eu não sabia como me desvencilhar dessas ocupações inoportunas, o que tornava até o ato de tomar uma decisão um esforço que eu não estava disposta a fazer. Entendo que, nessas situações, eu atuava com falta de vontade, propensão ao isolamento e descumprimento. No entanto, também intuía que minha vida deveria ser mais do que viver sempre as mesmas coisas e passar por situações repetidas. 

Enxergar a vontade como uma força movida pelos pensamentos e poder cultivar aqueles que julgamos melhores facilita muito a escolha de como aproveitar melhor o tempo. Passamos a ter clareza sobre a verdadeira motivação por trás da nossa conduta, tanto a própria quanto a alheia. 

Penso que o fato de me sentir sem tempo para as coisas que me estimulavam era o resultado de não dar prioridade a elas.  

Será que não ter tempo é o mesmo que não ter prioridade? 

Quando se vive uma vida carente de perspectivas, é natural não sentir desejo algum de lhe atribuir importância. Quando, porém, se tem consciência do desenvolvimento que essa vida teve e das perspectivas que anunciam um futuro cheio de possibilidades, porventura essa circunstância não inclina a anotar nas páginas de um livro íntimo todos os instantes do passado, do mais feliz ao mais aziago, e do mais intranscendente ao de maior vulto, a fim de dar-lhe continuação à medida que se percorre a parábola da existência?

A Logosofia ensina que podemos recuperar o tempo quando sabemos pensar.  

Ao contrário de usar o vocábulo “tempo” como sinônimo de raciocinar ou recordar, hoje entendo o ato de pensar como a criação de pensamentos próprios. Para isso, devo conhecer os pensamentos que habitam meu mundo mental e selecioná-los pela sua utilidade. 

Afinal, como posso construir minha felicidade sem conhecer os pensamentos que habitam minha mente, e sendo levada por eles? 

Como tomar as rédeas do meu destino, ter mais domínio do tempo e ser consciente das minhas escolhas?  

Estou mais feliz quando vivo as experiências sentindo a cada instante que estou vivendo aquilo que escolhi viver. Percebi  que é muito melhor ser uma pessoa que escolhe o que quer ser. 

Venho comprovando a importância de trocar o desânimo diante das dificuldades e lutas que todos temos pela responsabilidade individual. Para mim, é uma grande mudança de perspectiva quando, em vez de me deixar abater e aguardar uma solução externa e milagrosa para os problemas, passo a fazer o que posso com os recursos que já tenho e que identifico em mim. É preciso ter uma observação atenta para identificar as dificuldades internas e externas que obstruem o caminho, assim como as qualidades que possuo e que me podem ajudar. 

Essas são, para mim, as coisas mais instigantes e inquietantes na vida: investigar o motivo de uma conduta e individualizar o pensamento responsável por mover minha vontade naquela situação. O tempo dedicado à atividade de observar o interno, fazendo um levantamento dos bens morais e mentais que temos, é tempo constituído em benefício próprio e para ampliação das próprias capacidades. 

Aplicando esses esforços diariamente, meus dias passaram a ser vividos com mais felicidade, pois me vejo buscando ser melhor e vivendo com mais equilíbrio. 

Isto prova que tudo se pode quando se quer firmemente, e se vive mais onde mais agrada viver, principalmente quando se encontra, como em nosso caso, uma felicidade muito difícil de achar e desfrutar em outra parte, porque a própria premência do tempo se encarrega de impedi-lo. 


Um pensamento de

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