A Logosofia aborda as Leis Universais com grande profundidade, apresentando os princípios que regem cada uma delas, seu mecanismo de ação e a maneira como expressam a vontade do Criador. Sendo assim, reconheço a importância de conhecê-las para poder atuar em harmonia com essas Leis.
Ao refletir sobre a Lei de Caridade, surgiram-me as seguintes perguntas:
- Devo fazer o bem sem olhar a quem?
- Como devo atuar quando, ao praticar o bem, recebo em troca o mal da pessoa beneficiada?
- Quais conceitos ou princípios devo conhecer e compreender para agir com mais assertividade e ser amparada por esta Lei?
Movido por essas questões, e na condição de estudante de Logosofia, revisei alguns conceitos trazidos pela Sabedoria Logosófica, buscando neles esclarecimentos e respostas:
Deve-se fazer o bem de forma consciente, com tato, discrição e respeito. Não devo utilizar o conhecimento de forma egoísta.
Vocês recordam do que desejavam quando eram crianças? Eu, por exemplo, queria ganhar meu próprio dinheiro para comprar doces não apenas para mim, mas também para meus irmãos e amigos. A criança, em sua pureza interna, busca naturalmente realizar o bem.
A caridade é um pensamento de natureza divina que se condensa no coração de todos os seres humanos. Lembrei-me de meus pais, que ajudaram muitas pessoas no bairro em que morávamos, e até hoje recebo gestos de carinho e amizade dessas pessoas, em consideração e correspondência ao bem que receberam. Em nossa casa, o que havia à mesa era para todos que chegassem.
A generosidade é uma arte – ou poder – quando atua com a inteligência. A pessoa que a pratica se beneficia instantaneamente, pois entram em ação fatores internos que contribuem para o fortalecimento de seus valores pessoais e cria convicções para a conduta a seguir.
Recordei um conto da sabedoria logosófica que narra a situação de uma pessoa que vê uma criança chorando e dizendo que apanharia ao chegar em casa sem dinheiro. Comovida, ela dá a esmola e segue seu caminho. Algumas horas depois, passa novamente pelo local e vê a mesma criança contando a mesma história para outra pessoa. A benfeitora, então, sente-se defraudada. A Logosofia analisa o fato da seguinte forma:
A sensibilidade não tinha se equivocado ao tomar o fato como real; quem o alterou foi a criança. A razão julga depois esse mesmo fato e o reprova. A maioria se recrimina e pensa que foi enganada; mas o fato em si era real. Por isso, convém sempre fazer uma análise integral, que abarque todo o movimento, para não o julgar por um simples aspecto. Quando, por simpatia, se prodigaliza confiança a uma pessoa cuja conduta é boa, ela é merecedora dessa confiança; se seu comportamento se torna inadequado, deve-se retirá-la. Neste caso, é a razão que atua, retirando a confiança. Mas a sensibilidade atuou bem; foi a pessoa quem alterou o fato. É conveniente ter isso bem presente para não anular dentro de si mesmo os centros internos que, atuando harmonicamente, formam a verdadeira engrenagem da psicologia humana. Em todos os momentos de sua vida, o ser humano está rodeado de causas e efeitos circunstanciais, de um lado, e de causas e efeitos permanentes, de outro. Saber discernir as causas permanentes que surgem da fonte eterna confere segurança. Quando isto ocorre, as causas e efeitos circunstanciais não o afetarão em nada, e o homem pode triunfar em suas lutas e atuar cada vez com maior acerto. (Do Livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 407)
Cada um de nós herda, individualmente, o bem e o mal que pratica ao longo da vida. As Leis Universais nos orientam a realizar a vontade de Deus, para que todo ser humano possa evoluir. Devo também usar o conhecimento adquirido para fazer o bem com mais consciência nas oportunidades que surgirem. Esse conceito me iluminou, ajudando-me a viver as situações difíceis com mais lucidez, acerto e perseverança.
Outra experiência que vivi há alguns anos: eu estava na praia com um casal de amigos e observei o quanto eram generosos com todas as crianças ao redor, sem fazer diferença entre os filhos deles e os dos outros. Na época, meus amigos moravam no interior de São Paulo e, conversando com eles, me contaram que buscavam um lugar para a filha morar na capital, pois ela faria cursinho para entrar na faculdade. Ao ouvir isso, pensei: “são muito generosos e merecem apoio”. Conversei com meu marido, e decidimos oferecer nossa casa para que a filha deles viesse morar conosco durante esse período.
Um dia, minha amiga me disse que havia ficado muito feliz. Nesse momento, percebi a grande oportunidade de que ela pudesse retribuir o bem recebido e falei para ela sobre as Leis de Correspondência e Caridade (as leis atuam de modo conjunto e harmônico), ressaltando que ela não poderia deixar esse bem parado, mas deveria fazer o mesmo com outras pessoas no futuro. Muitos anos se passaram, e ela acolheu muitas pessoas em situações similares em seu lar também. O bem teve continuidade, e sempre recordamos dessa experiência com alegria e emoção.
A Logosofia ensina que a caridade é uma corrente de bem, uma cadeia de ajuda que deve seguir adiante, continuando viva em cada pessoa que a recebe.