Hora do almoço!
A família estava alegremente reunida, como de costume, para desfrutar desses agradáveis momentos de convivência com os seres queridos e saborear uma comidinha caseira bem gostosa e fresquinha.
Momento propício à prática de valores, tais como a paciência e a tolerância para saber ouvir, saber falar e até saber calar, quando necessário, como forma de respeito e consideração.
A convivência familiar, para ser grata, nos exige grandes esforços de atenção, generosidade e equanimidade. É…equanimidade! Valor que se opõe a tal da suscetibilidade, ou melindre, tão costumeiro nas relações.
Nesse dia, o tempo estava nublado e, enquanto almoçávamos, iniciou uma chuva forte, com ventania e trovões.
Entre boas garfadas e saudável conversa, não dava para perder de vista o temporal que se armava.
De repente, um raio… e… um estrondo!
Assustados, levantamo-nos para ver onde tinha sido aquela descarga elétrica. Foi um choque! O raio tinha caído muito mais perto do que imaginávamos: no jardim da frente da casa!
Lançados nossos olhares ao redor, constatamos vários estragos.
A netinha mais velha, vendo aquilo tudo – telhas quebradas, tomadas ao chão, fumaça nas luminárias etc. – ficou assustada e disse que estava com medo. Abraçou o vovô, que, carinhosamente, acalmou seu coraçãozinho disparado e seus pensamentos alarmados, dizendo que não precisava ter medo. Assim, serenada sua mente, ela prosseguiu, junto com todos, ajudando a ver o que mais havia acontecido. Muitos outros estragos foram evidenciando-se pela casa.
Pude observar algo interessante naquela hora: a tranquilidade que permeava aquele momento. Apesar dos estragos, nossos ânimos não se alteraram, e controlamos as queixas. Afinal, tudo teria conserto!
Fiquei muito contente ao constatar que a família vem conquistando o domínio daqueles pensamentos que nos agitam e nos levam a perder a calma em situações como essas.
Raios mentais, os pensamentos
No fim do dia, a sós comigo mesma, pus-me a refletir sobre os pensamentos negativos, que podem ser como raios, forças poderosas que, ao serem lançadas no ambiente externo, ocasionam muitos danos à convivência: ferem, destroem amizades e afetos, temporária ou permanentemente, queimando muitos esforços feitos para construir relações valiosas.
Recordei de alguns raios que já lancei, ora por impulsividade, ora por irritabilidade, ora por brusquidão ou por intolerância, e dos estragos que promoveram, custando um trabalho árduo consertá-los.
Você já se viu nessa situação? Já percebeu a ação desses raios mentais em sua vida?
Como controlar esses raios
A Logosofia, com seu método peculiar, nos ensina a conhecer, selecionar e controlar os pensamentos, debilitando os negativos gradualmente até extirpar essas ingratas manifestações, denominadas de deficiências psicológicas.
Para que isso se transforme em realidade, é fundamental realizar um constante exercício que nos propõe não satisfazer os desejos dos pensamentos que nos convidam a atuar mal. É incrível o valor que tem esse treinamento consciente.
Os resultados vão aparecendo pouco a pouco e nos fazendo experimentar uma grata sensação de bem-estar, pondo em evidência a nossa própria capacidade de realizar esta valorosa mudança interna.
A natureza e a vida interna
Os fenômenos naturais nos permitem estabelecer analogias interessantes que possibilitam ampliar o olhar e o entendimento sobre os fenômenos psicológicos que ocorrem em nosso mundo interior, tão desconhecido ainda para muitos em sua profunda realidade.
A vivência do raio, na hora do almoço, despertou-me o sentimento de gratidão por tais reflexões e levou-me a fortalecer o propósito de ter maior atenção sobre mim mesma, controlando os meus pensamentos, selecionando-os e evitando, conscientemente, “lançar raios” que possam fazer estragos desnecessários na convivência com meus semelhantes, começando pelos mais próximos, meus familiares.
Esse tempo dedicado ao conhecimento da ação dos pensamentos em nosso campo mental e sensível não seria o tempo mais bem aproveitado para nosso aperfeiçoamento mental, psicológico e espiritual?