Quando jovem, costumava pensar que as pessoas não eram capazes de mudar aquelas características que apareciam com força em sua conduta. Alguém impaciente ou intolerante, por exemplo, era assim e pronto. Nada o faria mudar profundamente.
Pensar assim, ou melhor, deixar que esse conceito, formado sem muita reflexão, interferisse em meu modo de viver, levava-me a uma postura passiva diante de meus próprios defeitos.
No entanto, frequentemente me questionava: por que erro? Por que muitas vezes os erros são os mesmos? Por que tenho atitudes que depois eu mesma reprovo?
González Pecotche ensina no livro Deficiências e Propensões do ser Humano que na mente humana há pensamentos negativos enraizados, que atuam como deficiências psicológicas.
Essas características negativas da nossa psicologia são a causa dos erros que cometemos. Porém, não só é possível, como também temos em nós os recursos para superarmos nossas deficiências.
Neste mesmo livro, o autor ensina a combatê-las, opondo a elas pensamentos construtivos cuja função é exercer o trabalho de antideficiências.
Sob o influxo desses pensamentos, segundo o autor:
“a vontade se fortifica e atua sobre a inteligência, instando-a a realizar movimentos mentais tendentes a anular o despotismo que o pensamento-deficiência exerce sobre os mecanismos mental, sensível e espiritual do homem.”
Essa prática se dá em um processo que tem como fim uma mudança positiva da conduta, da modalidade e do caráter.
Até que isso seja concluído, compreendo que a criatura quem decide travar essa batalha — que acontece dentro de si — vive inúmeras lutas, e a cada triunfo vai construindo uma versão aperfeiçoada de si mesma.
A identificação de uma deficiência é uma valiosa oportunidade. Partindo desse ponto, podemos entender como ela atua e os resultados de sua influência nociva. Ao mesmo tempo, exercitando o pensamento oposto a ela, vamos cultivando valores e aptidões que nos colocam em melhores condições. Isso acontece porque o ser humano é capaz de realizar mudanças por sua própria determinação.
Essa compreensão transformou a forma como encaro a vida. Diferente daquela jovem, passei a analisar as experiências que vivo, incluindo os erros, como oportunidades de observar a mim mesma e, diante do que preciso superar, de cultivar uma nova forma de ser.
A Logosofia oferece os conhecimentos que iluminam o mundo interior de todos nós. E, ao mesmo tempo, ensina como realizar um grande processo de aperfeiçoamento individual, que aproxima o ser humano à imagem perfeita que foi pensada em sua criação.