Quando cheguei à Fundação Logosófica para participar de uma reunião, uma pessoa me perguntou: Maria Helena, qual é o seu conceito de vida?

Achei estranha aquela pergunta. Nunca ninguém havia feito uma pergunta assim para mim. Respondi-lhe que não tinha nenhum conceito de vida e que nunca havia pensado sobre isso. Ao que ela prosseguiu:

– Mas você vive uma vida, não é mesmo?

– Sim! – respondi-lhe.

– E a vive de uma forma! – completou.

– Sim! – voltei a afirmar, concordando com ela.

– Pois então, a forma como você vive reflete a presença de um conceito que, certamente, terá sido admitido de forma inconsciente. E acrescentou ainda: tal qual o conceito de vida, o mesmo ocorre com os demais conceitos, como é o caso de felicidade, destino, evolução, amizade etc. E todos esses conceitos a influenciam em sua forma de viver e de ser!

Fiquei perplexa! Como era possível que eu tivesse algo dentro de mim que eu mesma desconhecesse e que, ainda assim, comandava o meu viver? Como era possível que houvesse conceitos admitidos inconscientemente e que governavam a minha vida, definindo a minha forma de ser?

Dediquei-me, desde então, a rever conceitos com a luz do saber logosófico. Passei um a um sob o crivo de meu pensar e de meu sentir, buscando seus fundamentos; no que é que se baseavam e que razões sustentavam. E o primeiro desses conceitos foi exatamente o de vida.

Recordo que, naquela ocasião, encontrei algo muito interessante na minha forma inconsciente de viver. Achava que a vida fosse constituída por duas fases que se interpunham: uma de momentos difíceis e outra de momentos felizes. Para cada momento difícil, eu aguardava, em um futuro próximo ou distante, pela chegada de uma fase feliz.

Se já vivenciasse essa fase, sentir-me-ia insegura ou mesmo culpada por estar desfrutando daquela paz, porque logo viria o abismo formado pelos momentos difíceis, de tristeza ou de amargura.

Nesse contexto, acreditava que as adversidades fossem o único caminho de evolução do homem, que assim se tornava mais amadurecido depois do sofrimento.

Nessa visão limitada, entendia que era necessário sofrer para evoluir. Daí meu estado de culpa quando o momento era mais tranquilo, pois achava que estava perdendo uma oportunidade de evolução.

Ledo engano! Quanto que essa visão distorcida da vida me impedia de desfrutar da felicidade e de aproveitar os momentos de aprendizado!

A Logosofia vem nos ensinar que o homem não pode se deixar limitar pelas situações que surgem e que as adversidades fazem parte da vida, devendo ser encaradas com valor, com inteireza. Vem nos ensinar que a vida é um fabuloso campo experimental, que todos os momentos podem ser convertidos em oportunidades de evolução, com a participação da consciência. E que a vida consciente, por sua vez, está ao alcance de todos.

Dessa forma, nada é comparável à alegria que se experimenta quando todos os momentos são convertidos em ricas oportunidades de evolução ao superar os traços negativos da própria psicologia e conquistar virtudes que não se possuía.

Ao rever conceitos sob a lupa logosófica, passo em revista tudo o que trago em meu haver interno e vou me tornando dona de meu próprio ser e de meu destino. Pode haver bem maior?!

Hoje, a vida ganhou amplitude, significado e elevação! Representa a grandiosa oportunidade de completar a imagem do ser humano que devo alcançar, rumo à conquista da sabedoria do Criador, ressalvadas as distâncias incomensuráveis, é claro!

Hoje, com o estudo logosófico, experimento a ventura que o empenho em viver a vida consciente nos proporciona, levando-me a concluir que o ser humano nasceu para evoluir, formar uma humanidade melhor e ser feliz!